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"A maior parte da tinta que uso é líquida, fluida. Uso os meus pincéis mais como paus do que como pincéis. O pincel não toca

a superfície da tela,

passa-lhe por cima."
(Pollock) 

 

"Aproveitando as tintas líquidas pré-misturadas que tinham aparecido nas últimas décadas, Pollock pegava numa grande lata de tinta com uma mão e deixava cair a tinta na tela com um pincel coberto de uma espessa crosta de tinta seca. Debruçando-se por cima da tela ou girando no sentido inverso ao dos ponteiros de um relógio como um jogador de ténis prestes a fazer um serviço imparável, deslocava-se rapidamente em torno do quadro, parando só de vez em quando para contemplar o emaranhado de linhas, manchas e salpicos que tinha produzido".
in Varnedoe, Kirk e Pepe Karmel, "Jackson Pollock". New York: The Museum of Modern Art, 1998, p 90.


"Quando estou a pintar não tenho consciência do que faço. Só depois de uma espécie de 'período de familiarização' é que vejo o que estive a fazer".
publicado no Inverno de 1947-48 no jornal americano "Possibilities"


"Os meus quadros não têm centro. Toda a sua superfície possui o mesmo nível de interesse".
declaração de Pollock a Goodnough publicada na revista "Artnews"


"A carreira de Pollock foi breve. Como R i m b a u d, envolveu um excesso de violência que nunca foi manchado pelo sentimentalismo"
Thomas Hess na revista "Artnews"  

 

"Jackson Pollock, criador da técnica dripping, ou seja, de gotejamentos. Marco do movimento expressionista americano ele foi severamente criticado por suas obras. Pollock pintava sobre suas telas gigantes estendidas ao solo, usando cores primárias. Agindo, andando ou dançando ao redor de suas telas, usava materiais inusitados como cacos de vidro e pás de pedreiro. As telas revelam um turbilhão inconsciente de manchas e respingos que assustam pela violência e mistura de cores aplicadas com força pelo pintor. Uma pintura de ação. Contudo, harmonizam aqueles que a contemplam. Suas telas revelam a inteireza de um gênio."

(Ana Andréa, coreógrafa/bailarina)

 

"remetendo, por exemplo, a minhas intervenções em

cadavrexquis ensemble,

O Gotejamento Sonoroso  

(Action Sounding, diria eu], é um meio  composicional em que determinista aleatoreidade e sincronicidade caótica

se tornam epicentro do próprio ato de Criação."

 

Otacílio Melgaço

 

 

Post Scriptum 

 

Pollock adaptou seu modus faciendi de práticas atávico-indígenas que utilizavam a areia como elemento seivático. Em princípio, privilegio tal histórico autóctone mais do que qualquer releitura modernamente artisticizada. Parto, como musicista, de justa ReferenciAção.

 

+

 

Jackson Pollock, (28 de Janeiro de 1912 – 11 de Agosto de 1956) foi um importande pintor dos Estados Unidos da América e referência no movimento do expressionismo abstrato.

Pollock nasceu em Cody, no estado de Wyoming. Começou seus estudos em Los Angeles e depois mudou-se para Nova Iorque. Desenvolveu uma técnica de pintura, criada por Max Ernst, o 'dripping' (gotejamento), na qual respingava a tinta sobre suas imensas telas; os pingos escorriam formando traços harmoniosos e pareciam entrelaçar-se na superfície da tela. O quadro "UM" é um exemplo dessa técnica. Pintava com a tela colocada no chão para sentir-se dentro do quadro. Pollock parte do zero, do pingo de tinta que deixa cair na tela elabora uma obra de arte. Além de deixar de lado o cavalete, Pollock também não mais usa pincéis.

A arte de Pollock combina a simplicidade com a pintura pura e suas obras de maiores dimensões possuem características monumentais. Com Pollock, há o auge da pintura de ação (action painting). A tensão ético-religiosa por ele vivida o impele aos pintores da Revolução mexicana. Sua esfera da arte é o inconsciente: seus signos são um prolongamento do seu interior.Apesar de ter seu trabalho reconhecido e com exposições por vários países do mundo, Pollock nunca saiu dos Estados Unidos. Morreu em um acidente de carro em agosto de 1956.

"O universo é real, mas você

não o pode

ver.

Tem de

imaginá-lo." 

(Calder)

 

´Esculturas flutuantes´, 

Música-Móbile por O.M.

 

O artista norte-americano Alexander Calder tinha a idéia de fazer quadros em movimento. Suas esculturas feitas com arame e que se moviam com o vento foram exibidas por primeira vez em Paris em 1932. Marcel Duchamp as denominou “móbiles”.  Quando criou suas primeiras esculturas móveis motorizadas, Calder se inspirou nas cores e na composição da obra de Piet Mondrian; seus móbiles posteriores evocavam tanto as pinturas de Joan Miró como os relevos abstratos de Jean Arp.

 

"(...) O móbile realiza a alquimia do peso. O móbile é a desintegração do fio de prumo. O fio de prumo cai verticalmente e o móbile vai horizontalizando, vai dispersando a verticalidade do fio de prumo. Nesse sentido é uma fantasia. O fio de pluma não tem fantasia nenhuma, ele é reto, direto. O poético é o Calder fazer o móbile se propagar no espaço e começar a flutuar." (Ferreira Gullar)

 

"Alexander Calder constrói mecanismos de equilíbrio precário, que brincam com o ar, sussurra-nos Kátia Canton. Basta um leve sopro ou um pequeno toque para que suas composições, verdadeiros brinquedos escultóricos, iniciem suas coreografias, que tornam o movimento algo visível, plástico. A alquimia do peso. Do peso das notas, dos ruídos, das sonâncias... Sobretudo do peso d'silêncio, da sonorosa (des)estrutura liberimprovisativa... Tudo às veredas do flutuar. móbile-música."

 

Otacílio Melgaço

 

+

 

Alexander Calder, escultor americano nascido em 22 de julho de 1898 em Lawnton, Pensilvânia, Estados Unidos. Filho do escultor Alexander Stirling Calder e da pintora Nanette Lederer Calder. Sua família sempre o estimulou para a vida artística e desde bem pequeno, tinha seu ateliê para confeccionar seus próprios brinquedos. Estudou na Art Students League de Nova Iorque de 1923 a 1926. Trabalhava como ilustrador para seu sustento. Em 1926 mudou-se para Paris onde desenvolveu um trabalho conhecido como Cirque Calder, pequenas figuras esculpidas em madeira e diversos materiais. A partir daí, conheceu diversos artistas de vanguarda em Paris. Iniciou uma fase de esculturas figurativas tridimensionais, articulando grandes extensões de arame que expressavam movimento e emoção. Ficou conhecido também pelos grandes e criativos móbiles. Era um artista de muita originalidade, que definia volume sem massa e incorporava tempo e movimento às suas obras. Suas criações redefiniram os princípios da escultura e o consagraram como o maior "escultor inovador" do século 20. Após uma vasta obra de pinturas, esculturas, brinquedos, monumentos, faleceu em Nova Iorque na casa de sua filha, em 11 de novembro de 1976.

+

“A arte

desaparecerá

à medida que

a vida

ganhar

equilíbrio.”

(mondrian)

 

"Eis exemplo de

partitura melgaciana 

[ou, como o próprio 

compositor denomina: 

p-a-r-t-i-n-t-u-r-a]

baseada 

em obra

de Piet Mondrian:

acione o elo e interaja!"

 

(confraria o|m)

 

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Nascido em ambiente rural com clima de fazenda e sítio, Piet Cornelis Mondrian vinha de uma família calvinista extremamente religiosa. Seu pai, um pastor puritano, desejava que o filho seguisse a carreira clerical. A religião marcou o jovem Piet e o sentimento metafísico iria permear sua obra durante toda a vida, em maior ou menor grau.

 

Tendo um tio que trabalhava com pintura, interessou-se pela carreira artística, mas foi obrigado a enfrentar a visão ortodoxa da família, que via na arte um caminho para o pecado. Vê, porém, na possibilidade de dar aulas uma resolução ao seu dilema: prometeu ao pai estudar artes para se tornar um professor.

 

Insatisfeito com o magistério, Mondrian sentia a necessidade de libertar-se e estabelecer-se como pintor, mas temia enfrentar ao pai (que de antemão desaprovava a ideia) e a si mesmo, tal o peso de sua formação religiosa. Quando entrou em contato com a teosofia, porém, encontra em seu ideário uma resolução para o problema: a doutrina pregava o trilhar de um caminho evolutivo pessoal e a arte encaixava-se neste caminho. O contato com a teosofia irá manifestar-se no trabalho de Mondrian e marcará sua vida profundamente daí em diante.

 

Piet Mondrian começou a sua carreira como pintor ao mesmo tempo em que trabalhava como caminhoneiro. A maior parte do seu trabalho deste período é influenciada pelo naturalismo e o impressionismo. No museu Gemeente, em Haia, estão expostos vários trabalhos deste período, incluindo exemplares pós-impressionistas tais como "O Moinho Vermelho" e "Árvores ao andar". (O museu também tem exemplos do seu trabalho geométrico posterior).

 

Após entrar em contato com a teosofia, Mondrian passa por um breve período simbolista, que lhe será fundamental para que atinja a abstração. Este período costuma-se confundir com a radical abstração que caracterizaria o resto de sua obra, já revelando uma certa tendência à geometrização e à síntese da realidade. Além do pensamento espiritual calcado na busca de uma essência matemática e racional para a existência que caracteriza a teosofia, Mondrian também exibiu um interesse quase obsessivo pelo jazz – pela identificação de sua alegria contagiante com o ritmo irregular que, ele também, possuiria um fundamento matemático.

 

A abordagem sequencial de três telas com árvores (A árvore vermelha - 1908, A árvore cinzenta - 1912 e Macieira em Flor - 1912), mostra como se processou a desconstrução figurativista de sua obra.

 

Em 1911, visitou uma exposição cubista em Amsterdã que o marcou profundamente e teve grande influência no seu trabalho posterior.

 

A partir de 1917 até a década de 1940 desenvolve sua grande obra neoplástica.

 

Essa fase de sua obra, a mais popularmente difundida, se caracteriza por pinturas cujas estruturas são definidas por linhas pretas ortogonais (o uso de diagonais induziria a percepção a ver profundidade na tela e motivou o rompimento de sua amizade com Theo Van Doesburg, posteriormente). Essas linhas definem espaços que se relacionam de diferentes modos com os limites da pintura, e que podem ou não serem preenchidos com uma cor primária: amarelo, azul e vermelho, decisão que mostra sua estreita relação com as teorias estéticas da Bauhaus e da Escola de Ulm, e que definem pesos visuais diferentes para esses espaços. Os blocos de cor pintados de modo fosco e distribuídos assimetricamente reforçam a ideia de um movimento superficial que se estende perpetuamente, indicando que o pintor investia na percepção de sua obra como uma abstração materialista e sem profundidade, criticando a pintura histórica enquanto produzia uma abstração racionalista, espiritualista e sobretudo concreta do mundo.

 

Sua obra, muitas vezes copiada, continua a inspirar a arte, o design, a moda e a publicidade que a apropriam como design, sem necessariamente levar em conta sua fundamental e filosófica recusa à imagem.

 

Em 1930, Lola Prusac, estilista da Casa Hermès, criou uma linha completa de bolsas e malas que são inspiradas diretamente nas obras de Mondrian com cortes vermelhos, amarelos e azuis.

 

O seu quadro Broadway Boogie-Woogie, que pode ser visto no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque-MoMa, pertence à fase posterior ao Neoplasticismo, quando Mondrian se liberta das regras que ele próprio se impôs.

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