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 Moisés

Maimônides (1136-1204),
filósofo e halachista espanhol, geralmente conhecido como Rambam.
Quando criança, fugiu com sua família de perseguições islâmicas na Espanha, estabelecendo-se posteriormente em Fostat, no Egito. Chegou a correr

o rumor de que sua família fôra obrigada a se converter ao islamismo. Maimônides trabalhou como médico na corte do sultão. Sua reputação como médico era grande; dele se dizia que se a lua o procurasse como paciente, ele a curaria de suas manchas. Apesar de sua agenda cheia, ele atuou como chefe não-oficial da comunidade judaica egípcia, e compôs um importante código haláchico em hebraico, o Mishne Torá (1180) e, em árabe, a mais importante obra filosófica judaica, o GUIA PARA

OS PERPLEXOS (1190).
Sua formulação sobre os princípios da fé foi amplamente aceita. (...) O GUIA e o código são obras controvertidas. Moisés foi criticado por se basear em Aristóteles, por seu descaso pela doutrina da ressurreição do corpo, sua condenação daqueles que acreditavam na corporeidade de Deus, sua rejeição às supertições e aos amuletos, suas explicações racionais dos mandamentos, sua omissão em citar seu próprio código preenchia a todas

as necessidades. (...) Entre os cabalistas se dizia que Maimônides tornara-se um místico no fim da vida, ou então que fora punido por seu racionalismo ao renascer na forma de um verme. Seus seguidores, no entanto, contam como Moisés veio a ele em sonho na noite em que terminou seu Mishne Torá e lhe disse: “Fizeste bem!”. Eles diziam, referindo-se a Maimônides: “De Moisés a Moisés não houve ninguém como Moisés”.

LE
GUIDE
DES
PERPLEXES


p o r

OTACÍLIO
MELGAÇO


“DEUS NÃO QUER CONSERTAR NADA A NÃO SER PELO
COMPLETO CONTRATO:
DEUS É UMA PLANTAÇÃO”

(João
Guimarães
Rosa)

 


DO ROTEIRO
Escrevo para meu prazer, não para a eternidade...
A libérrima adaptação de certos preceitos do GUIA de Maimônides para o cinema surgiu a partir da analogia, bastarda filha de uma reles alucinação, entre:
1- a idéia da necessidade de um arvoramento, uma orientação ao sentido acepcional, etimológico de ‘Perplexidade’ (se da Humanidade mantida como refém – Esfingética-de-Si-mesma, a meu ver). Ou seja, peculiar focalização temática tendo o GUIA como pretexto, e,
2- a iconoclastia racionalizante do

filósofo judeu.
Faltava-me, todavia, alguma totêmica pragmaticidade para que houvesse

o estabelecimento sempiterno de um fio para tal meada. O espelho estava quebrado mas o que refletiam os pedaços? Os demônios, às vezes, também ajudam, embora se deve ter cuidado, porque quase sempre ajudam ao contrário. Cronológica fôra minha resposta! Eis que, assolado por irrepreensível desassossego, percebera que, se havia me referido à Humanidade eclipsada à citada obra semítica,

o ‘Tempo’ assumiria a feição messiânica de bussolar totemicidade. Se todo conceito divino, que é obra do homem, tem necessariamente de ser

o conceito de um monstro (?!), desvirtuar a relação temática de uma obra consagrada como o GUIA e redimensioná-la contemporânea e secularmente seria um passo inevitável. A profana cronologia ocupa, segundo minha reflexão, o papel de leigo elixir ao execrável paradigma que retrata especulações abstracionistas do homem

a desembocar em

absurdas teocracias...
O ser humano tem - dentro de si - sua própria Santidade que é deste mundo e não tem explicação fora dele. De imediato, toda a sinopse visceralizava-me em contundências: caligrama desfeito, surdo trabalho das imagens... Uma personagem feminina

a percorrer um Casarão (o ‘Guia-edificado’ contudo resguardador inefável das transmutações fenomênicas daquela atriz que embandeiraria Homo Ludens) abarcando vários flashes de sua – e ao mesmo tempo à qual pertencia – transtemporalidade.
A cor vermelha chegava às raias de hemorrágica ser em nascedouro de minha já obsessão roteirística...

A primeira lembrança da qual tenho posse é

o interior da Morada (na qual o curta-metragem seria filmado) em sua silhueta rubra, avassaladoramente rubra. Imagino a cor vermelha como sendo o interior da alma. Quando era criança, via a alma como se fosse

a sombra de um dragão, de um cinzento-azulado, pairando sobre nós sob a forma de um ser alado, meio ave meio peixe. Mas tudo dentro desse dragão era vermelho... Abandonei pictórica fixação – quase psicótica? – , ao efetivar locações, por particulares motivos... Auspícios de uma inerente ‘textangst’?...
Há poucos dias, ao assistir

a uma entrevista do cineasta e ensaísta norte-americano Donald Richie, deparava-me ostensivamente com nítida descrição de meus leguidianos (diria: nipônicos?) apilastramentos: “Se

o cinema norte-americano é definido em geral pela ação e o cinema europeu é definido principalmente por meio do estudo de personagem, então

a contribuição japonesa é uma enorme, detalhada e inacreditável atenção à atmosfera, à relação entre a pessoa e seu ambiente. No cinema japonês é comum

o personagem ser definido por seu meio. Coisas como enquadramentos que insistem na relevância da atmosfera etc”.
Por fim, a impressão gozosa de que o filme se transfiguraria em barcarola, uma tradução poético-fotogramática! Ou seja, minha ‘missão-mor’ consubstanciara-se em parir um poema por meio de ‘léxico-fotogramas’... Quando, meses depois, meu pretérito messer Paulo Antônio Pereira parabenizou-me exatamente pelo cumprimento de secreta – inconfidentíssima – meta, mosaica Meca...: corroboraria a paz de espírito que tanto eu ansiava por meio da vereda verossímil daquele, como

o apelidei, ‘imageta poemeto’.
Abraçaria Gilles Deleuze enquanto vereditasse melgacianamente sobre premissas fílmicas: “um sem-fundo feito de matérias não formadas, esboços ou pedaços, atravessado por funções não-formais, atos ou dinamismos enérgicos que não remetem nem mesmo a sujeitos constituídos”. Atualização fenomênica da inconsciência?.. A Barcarola é a suavidade da morte. Qual de suas feições

o cerne de ‘Le Guide’ simbolizaria? Caberia, havia suposto, ao público exercer, a posteriori, interdisciplinar – quiçá crucial – discernimento... Erigira, então, os pilares para que pudesse singrar à ‘escritura’

do roteiro...

DA INTERPRETAÇÃO
Na Grécia antiga o teatro estava indissoluvelmente ligado aos ritos religiosos. Os espectadores reuniam-se muito antes do nascer do sol. Ao raiar da aurora, os sacerdotes entravam em cena fazendo uso de máscaras. O palco, assim como um pequeno altar nele colocado, ficava iluminado pelo sol.

O sangue do animal imolado era recolhido num prato enorme. Um sacerdote com uma máscara divina, dourada, mantinha-se escondido atrás de outros sacerdotes. Depois, quando o sol já ia mais alto, num momento preciso, dois dos sacerdotes erguiam

o prato a fim de que

os espectadores pudessem ver a máscara divina, dourada, refletida no sangue. Uma orquestra de tambores e flautas tocava, e os sacerdotes cantavam. Por fim,

o sacerdote oficiante baixava o prato e bebia

o sangue. Seminal para mim seria encontrar atrizes que antes nunca tivessem representado... Se menção fizesse a teatro, quem diria ao universo cinematográfico. Meu

intuito era gerar um estranhamento esteticamente insular em cada espectador que, nele consagrando a junção de elementos – em princípio – inconciliáveis, encontraria

o ‘umbral’ necessário para

a encorporação poética que era objetivada por mim. Talvez, o método paranóico-crítico de Dalí tenha sido uma ‘espiritual’ referência...(aliás, o título originalmente em francês – dado ao curta – é outro indício do encalço à ‘antintelectiva’ abstração, primordial intersonho visado por meu eu-subjetivo...).
Tenho tido a capacidade de atrelar o carro de combate com os demônios à frente, forçando-os assim a serem úteis, isto ao mesmo tempo em que eles, a sós comigo, se comprazem em me torturar... O diretor de um circo de pulgas deixa que seus artistas lhe

chupem o sangue.
Em impalpável logos reproduzo aqui alguns princípios da ‘anarcorientação’ cênica

à qual ‘metodologicamente’ logrei (para que os fins parturientemente anacrônicos, interpretativo-estáticos, cinético-poêmicos se consumassem):
Um deus vem ao mundo e se aloja numa pessoa. Primeiro é apenas uma voz, um conhecimento, ou ainda uma ordem que pesa sobre essa pessoa. Ameaçador ou suplicante, repelente, mas também excitante. Ele se faz notar cada vez mais até a pessoa sentir sua força, até aprender a amá-lo, a fazer sacrifícios por ele, levando-a a uma devoção extrema, a um ‘vazio’ total. Uma vez atingido esse ‘vazio’, o deus se apodera dessa pessoa, realizando seus atos por meio das mãos dela, após

o que a abandona, deixado-a mais ‘vazia’, consumida, sem possibilidade alguma de continuar a viver

neste mundo.
Concluo: ‘Le Guide’ aborda nuanças metafísico-semíticas de uma temática reincidente em universo filosófico-judaico, paradoxalmente ‘destratada’ por Maimônides (fragmentação da inegável dualidade em complementar dual que muito me interessava): a ‘Ressurreição’. Cinematograficamente, transcriar sua perspectiva poética tornou-se minha maior ambição... posto que, é relevante ressaltar, fazendo uso de preceitos menos iniciáticos mais estéticos. Questão que me obrigou a buscar, na proposital anti-representação das postiças atrizes, alguns cênicos arquétipos (locomovíveis ao écran) daquelas que ‘sem possibilidade alguma de continuar a viver neste mundo’ denunciariam, de antemão, tal fato. Certa e obviamente a elas nunca revelei minha artimanha concepcional...

 

 

 

 

DA ESTILÍSTICA

Minha concepção de existência continua sendo esta: existe uma maldade no ser humano, virulenta e terrível, que não pode ser explicada, e de que, entre todos os animais, só ele é capaz. Uma maldade irracional que não obedece a nenhum dogma. Cósmica. Sem motivo. E não há nada que o homem tema tanto como justamente

a maldade incompreensível, inexplicável.Consonante

a outras incursões artísticas que faço (musicais, literárias, teatrais, fotográficas etc), ‘Le Guide’ foi um veículo para, não velando a referida negação, descobrir os mecanismos da libertação afirmativamente humana do cárcere sagrado de tal – imanente? – maldade... Assim..., hoje, opino modestamente. Prefiro carregar a minha pesada herança de medo cósmico, a me curvar

à vontade de Deus que exige de mim submissão e adoração.Como onto(i)lógico mineiro que sou, reportaria minha formativa estilística ao perfil inexoravelmente mítico dos Gerais. Declaradamente João Guimarães Rosa não é meu ‘espiritual patriarca’ impunemente (creio no pertencimento por parte de todo artista ao que chamaria: ‘família espiritual’). Alguns apontamentos, atesto aqui meu ateísmo,

a respeito de crística mineiridade: Cristo é o bom pastor e eu não consigo amá-lo. Meu eu tem de odiá-lo. Meu eu abre

a sepultura e desperta o Morto. Reitero: Cristo, o mais amado. Não é difícil sofrer quando sabemos que missão é a nossa.

O verdadeiro sofrimento é conhecer o mandamento do amor, e ver como

os homens no amor se enganam a si próprios e uns aos outros. Como eles profanam o amor. O maior sofrimento de Cristo deve ter sido devido à lucidez que o caracterizou.O maior sofrimento do artista deve ser a crescente, irresistível, imanente descoberta de (auto?)hierática ‘lucidez’. Embora, visceralmente se esquivar de si mesmo (de uma vida ad unguem amorosa...) redundaria em sua mais decrépita mortificação. Particularmente, suponho eu, o relato acima feito é uma das pedras-de-toque de meu engendrador `motto´. Presentifica-se, mesmo refletindo sobre pretéritos desvãos, em ‘Le Guide des Perplexes’.

 

DA DIREÇÃO
Jamais desejaria assumir

o papel convencional, recrudescido do que, a meu ver, é delegado ao status de D i r e t o r. Se contrariasse tal premissa, estaria "alienando de mim mesmo" a capacidade de ainda cinematograficamente me tornar – irreverente metáfora? – um viável tradutor babélico, como sempre o quis. Percebo-me, aliás, à la Robert Bresson, mais um Cinematografista do que merecedor de qualquer outra alcunha. Um adendo: que sensação mais estranha ao ouvir, na exatidão deste momento,

a “Pequena Sinfonia Concertante” de Frank Martin! Começa de uma forma sedutora, parece-me uma obra bela e comovente. De repente, esta idéia me veia à cabeça: esta música é como Le Guide! Um dia eu disse que gostaria de fazer filmes tal como Bartók compôs sua música, mas a verdade é que faço cinema do mesmo modo que Frank Martin compôs sua ‘Sinfonia Concertante”,

o que não é nada bom. Não quero dizer com isto que seja música má, pelo contrário, é perfeita, delicada, enternecedora, extremamente requintada quanto à sensibilidade. Mas tenho uma sensação de que esta música é superficial ainda, que faz uso de idéias não ostensivamente pensadas, que recorre a inúmeros efeitos sem justificação. Pus a mim próprio estas questões, e elas me entristecem. Talvez, aplainaria minha incipiência provisória tristeza...
Uma interfacialidade insuspeita pairava em torno de toda a complexidade relacionamental que assombra(va) a direção. Descartando algumas inevitáveis crises egóicas por parte de uma específica personagem da técnica equipe, creio ter tido a paz de espírito necessária para coadunar minha compreensão intraduzível, impronunciável, desorientalizante...do que deveria pictorizar o portrait ‘leguidiano’, e, o consolo referencial tanto pleiteado pelos envolvidos na dita filmagem. Da referida compreensão, pontual, citaria o ato de dissolver a imagem-em-movimento que – ao invés da conjunturalidade espessa do ´travelling´ ou panorâmica, por exemplo – almejasse um espaço-tempo próximo à exangue estaticidade ao ponto de sugerir somente espectros-cinéticos (a contrariar

a fórmula nietzschiana: “ver

a vida humana como um pedaço da natureza, sem simpatia excessiva, vendo-a como objeto obediente

às leis da evolução”). Naquele instante de minha vida: 'work in progress' seria uma fiel tradução da diretiva exegese-de-mim-mesmo quanto a Maimônides, ao GUIA e ‘Le Guide des Perplexes’. É preciso fazer aquilo que é necessário. Porque quando nada é necessário, não há nada

a fazer (sic).
À indagação epistemológica ‘O que é

o irreal’ (sentido do que seria meu motto direcional) acasalava-se outra – semiológica – : ‘Como filmar o irreal’? De imediato a não transparência-da-visão e a ruptura para com

o fundamento da decupagem clássica que é a continuidade seriam alguns dos fílmicos apetrechos inequivocamente abordados por mim para que pudesse sinonimizar ‘Le Guide’ à definição verossimilhante de minha indelével missão: cinema deve(ria) ser, sobretudo, ‘Luz Lembrada’. Dando a palavra a Edgar Morin, visava eu

a concepção de ‘participação afetiva’ que forneceria às imagens um ‘suplemento de vida subjetiva’: uma espécie de ‘movimento da alma’ (a utilização das fotos, em passagem última do curta-metragem, representaria

a máxima primalidade quântico-cinemática aliada à animização rítmica imprescindível ao seqüencial desfecho), ao mesmo tempo que um ‘pólo de irrealidade’.

DA TRILHA SONORA
Será preciso reiterar

que há música nos sonhos?

 

DO CINEMA

Eu admiro e gosto muito de Fellini. Acho, obviamente, que é um dos maiores realizadores de cinema. Minha admiração por Tarkovski não tem limites. Por outro lado, parece-me que Tarkovski acabou fazendo filmes à Tarkovski e que Fellini, nos últimos tempos, fez também um ou outro filme à Fellini. Kurosawa, esse não fez nenhum filme à Kurosawa. De Buñuel jamais gostei. Ele descobriu cedo como fazer uns quantos truques, os quais foram logo elevados a uma genialidade buñuelesca muito especial, e depois repetidos com variações. E foram quase sempre sucessos. Buñuel fez quase só filmes à Buñuel. É, portanto, tempo de me olhar ao espelho e perguntar: Como é que é? Otacílio Melgaço só faria, fará filmes à

Otacílio Melgaço?

 

FILMICIDADE

Nônuplas

referências

apreciáveis:

 

“A Paixão de Joana D’Arc”(1920) de Carl Dreyer;“

 

A Carruagem Fantasma” (1921) de Victor Sjöstrom;

 

“Cais das Sombras” (1938) de Marcel Carné;

 

“Rashomon” (1951)

de Akira Kurosawa;

 

“A Estrada” (1954)

de Federico Fellini;

 

“O Bairro do Corvo” (1963)

de Bo Widerberg;

 

“Andrey Rublev” (1968)

de Andrei Tarkovski;

 

“O Maestro” (1979)

de Andrezj Wajda;

 

“Duas Irmãs Alemãs” (1981)

de Margarethe von Trotta.

DEDICATÓRIA

‘Le Guide des Perplexes’ é uma humilde – diria mesmo insignificante (‘shnaps-idee’?) – homenagem a Ingmar Bergman.Há uma frase de Clarice Lispector que acho de um sardônico primor: "Meu nome é Bergman. ...sou sueco e sou um gênio. Nota-se pela minha fisionomia, olhe: eu sofro!"Destarte, não sei se...digno de reconforto extático, ou, da tosca virulência que – pandemoniada – infesta toda condenável sina, ainda vislumbro-me (bergmaniamente antípoda) como brasileiro. E, unicamente partindo de tal fenomênico reconhecimento posso crer na conjectura quase inumana que – órfica – persevera em mim: há-de-haver ainda algumas versiculares linhas a ser acrescidas ao prosélito alfarrábio ao qual, bibliófilo que sou, denomino ‘Cinema’. Visto que não seria ‘Cinema’ ‘...o encontrar

a expressão máxima com

o mínimo de gestos exteriores’? Anímica, poemática e demiurgicamente...

Pro(epí)logo propositalmente bergmaniano a

 

‘Le Guide des Perplexes’

 

1994

 

16mm

 

P&B E Em Cores

 

7minutos

 

Roteiro, título e texto: Otacílio Melgaço

 

Direção: Otacílio Melgaço

 

Fotografia: Marcelo Fraga

 

Câmara: Joyce Vidal

 

Continuísta: Renata Alves

 

Produção: Marcos Reis

 

Edição: Otacílio Melgaço

e

Paulo Antônio Pereira

Fusões e filmagem

dos letreiros:

Hélio Gagliardi

 

Atrizes: Lúcia Cortez,

Ana Paula Lobato,

Maria de Lourdes Campos, Maria Clara Caldeira

Trilha Sonora incidental: O.M. - citações

Foday Musa Suso

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