top of page

Sociedade Petalógica do

Rossio Grande

 

"Instituição sem estatuto, criada por poetas modinheiros, que se reuniam em meados do século XIX na tipografia do editor e poeta mulato Francisco de Paula Brito (1809-1891). A loja ficava no Rossio Grande, antigo nome da atual Praça Tiradentes, e tornou-se o ponto de encontro dos poetas cultuadores da modinha (entre eles Machado de Assis, Gonçalves Dias e Laurindo Rabelo, o Poeta Lagartixa) com os compositores, instrumentistas e seresteiros da época. Segundo Marisa Lira, pioneira da historiografia da música popular brasileira, a Petalógica do Rossio Grande cumpriu o papel de mediadora de culturas distintas: a dos literatos e a dos artistas populares. Esse encontro foi responsável por inúmeras composições de caráter popular (principalmente modinhas) com letras requintadas. A palavra petalógica foi criada pelos poetas a partir de peta, sinônimo de mentira, dentro de um espírito bem-humorado, que era característico das reuniões do grupo. O poeta e compositor Laurindo Rabelo era um dos membros representativos da sociedade." (D.C.A.M.p.B.)

 

"segunda metade do século XIX, o jornalista e tipógrafo Francisco de Paula Brito era dono de uma livraria no bairro do Catete, no Rio de Janeiro. Sua livraria, além de vender remédios, chás, fumo de rolo, porcas e parafusos, também era ponto de encontro de intelectuais. No ano de 1840, Paula Brito instituiu ali, pela primeira vez, a Sociedade Petalógica. A ideia era promover uma reunião para o estudo da mentira, da lorota, da peta, daí o nome “Petalógica”. Seus membros entendiam que através da profunda observação da mentira poderiam penetrar com mais acuidade a alma humana. Pensavam, também, em prejudicar os mentirosos, fornecendo material para que estes fossem se desmoralizando a cada vez que repetissem, julgando serem verdades, as mentiras ouvidas dos membros da Sociedade. Nota-se que havia um fundo de seriedade encoberto pela proposta jocosa dos encontros. De acordo com historiadores, Paula Brito juntou em torno da Petalógica, não só a intelectualidade da época, mas as mais diversas personagens, de distintas classes sociais. Como consequência, sua sociedade promoveu encontros entre a comunidade letrada e a não letrada. A Petalógica reunia representantes do movimento romântico dos anos 1840 aos 1860. Poetas, como Gonçalves dias e Laurindo Rabelo; romancistas, como Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antonio de Almeida e Teixeira de Souza; compositores, como Francisco Manuel da Silva e artistas como Manuel Araujo Porto Alegre e João Caetano dos Santos. Seu sócio mais ilustre foi, sem dúvida, Machado de Assis, que começou a frequentar aos dezesseis anos. Deve-se à Tipografia de Paula Brito a publicação da primeira produção literária de Machado. Em 1855, chegaram a público na Marmota Fluminense, Revista editada pelo livreiro, os seus poemas “Dona Patronilha”, “Ela” e “A palmeira”.  O cronista Machado de Assis comentou, em 1864, que estava equivocado quem pensasse que a Sociedade era apenas movida pela pilhéria. De acordo com ele, “cuidavam muitos que; por ser petalógica, a sociedade nada podia empreender que fosse sério; mas enganaram-se; a Petalógica tinha sempre dois semblantes; um jovial, para as práticas íntimas e familiares; outro sisudo, para os casos que demandassem gravidade”. Em uma crônica escrita em 3 de janeiro de 1865, o bruxo do cosme velho declara: “Este livro é uma recordação, – é a recordação da Petalógica dos primeiros tempos, a Petalógica de Paula Brito – o café Procópio de certa época, – onde ia toda a gente, os políticos, os poetas, os dramaturgos, os artistas, os viajantes, os simples amadores, amigos e curiosos, – onde se conversava de tudo – desde a retirada de um ministro até a pirueta da dançarina da moda; onde se discutia tudo, desde o dó de peito do Tamberlick até os discursos do marquês de Paraná, verdadeiro campo neutro onde o estreante das letras se encontrava com o conselheiro, onde o cantor italiano dialogava com o ex-ministro”. (M.B.B.)

 

coda:

nova gnomonia

bottom of page