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Da Espinha Dorsal

 

 

Dos Membros(ou O Provérbio dos Ladrões de Ninhos...)

C.E.: Otacílio Melgaço (Piano)

& Convidados...

 

VIDE (nesta página, abaixo) Autobiofagia

 

Dos Registros Sonoros(ou Música aos 4 minutos e 33 segundos...)

 

>> Do primeiro álbum "X":

vide Bandamp

>> Do segundo álbum "O Círculo Imperfeito":

vide Bandamp

 

>> Do terceiro álbum "tree house":

vide Bandamp

 

+

 

3 fragmentos de Peças Cadavrexquisitas,

compostas por O.M.:

"Pirlimpsiu!"

"太陽のにおい"

"Fille Matrix, mon Amour"

 

VIDE Partituras de algumas peças do Ensemble

 

Dos Espetáculos(ou Dulle Griet...)

- Em Construção -

 

VIDE Para uma Phonescrita Automática

 

Da (semi-ótica) Iconographia(ou da 'Pequena' Torre de Babel...)

 

 

VIDE Móbile-Música, entre Calder e Cadavre

 

 

Da Estilística(ou 'Que Venha a Tempestade...')

 

VIDE Pedra-de-Toque, O Intuicionismo de Henri Bergson e a Música do C.E.

 

Apesar do caráter babélico da música cadavrexquisiana;

apesar de ser avessa a rótulos que,

se houvesse, seriam limites e limites aqui se tornam inviáveis:

há alguns parentescos que nos valem de quase-norte:

 

I - Antologia

 

1) A partir do Jazz

 

1.1) Third Stream

A Third Stream ("terceira corrente") procura realizar uma fusão entre o jazz e a música erudita ocidental. O nome, utilizado pela primeira vez pelo compositor Gunther Schuller em 1957, em uma conferência na Brandeis University, sugere a idéia de canalizar duas das correntes preexistentes - a música clássica e o jazz - em uma “terceira” corrente, que reuniria características de ambas. Um exame das composições existentes de Third Stream indica que a tentativa de fusão geralmente se dá sob uma das seguintes formas:

(no caso do Cadavre Exquis)

(1) Peças compostas para grupos de jazz que se apropriam de técnicas de composição como o contraponto, formas estruturadas (como, por exemplo, a suíte barroca e a sonata), mudanças de compasso e politonalidade.

(2) Peças em que as duas linguagens - clássica e jazzística - se acham integradas de modo orgânico, tanto ao nível da técnica composicional, como na instrumentação e na técnica instrumental. Os elementos jazzísticos e clássicos se acham em equilíbrio.

O crescimento da Third Stream nos anos 50 fez alguns críticos predizerem que o futuro do jazz estaria nessa fusão com a música clássica. Porém o surgimento de dois novos e vigorosos estilos de jazz contribuiu para frear essa expansão. Primeiro, veio o free jazz dos anos 60, mais espontâneo e comunicativo do que a geralmente austera Third Stream, e que agradou a um público maior (ainda que não em grande escala). Em seguida, veio a fusion dos anos 70, indiscutivelmente dotada de potencial comercial muito maior. Não obstante, continuou a haver experimentos válidos em Third Stream nas últimas décadas, produzindo resultados interessantes a uma taxa reduzida porém constante. Por isso, essa vertente não pode ser considerada esgotada.

(V.A. Bezerra)

 

1.2) Free Jazz

"Não existe uma maneira correta de tocar jazz' relacionando uma nota com um acorde tradicional, limita-se a escolha da nota seguinte". Esta afirmação de Coleman evidencia a atitude dos primeiros jazzmen.

Com o free, o jazz incorporou conquistas estéticas da arte de vanguarda dos anos 60, como a música atonal e aleatória e o happening. O free jazz nasceu "oficialmente" com o famoso disco de 1960 (intitulado precisamente Free Jazz), onde se ouve o quarteto duplo liderado por Ornette Coleman (sax alto) e Eric Dolphy (clarinete-baixo), no qual participaram músicos importantes: Charlie Haden e Scott LaFaro aos contrabaixos, Don Cherry e Freddie Hubbard aos trompetes, Ed Blackwell e Billy Higgins nas baterias. Não obstante, podemos identificar precursores do gênero free, como Charles Mingus, com seu conjunto nos anos 50 e 60, John Coltrane nos anos 60 e principalmente Cecil Taylor, já em meados dos anos 50. (Na verdade, alguém poderia sustentar que Taylor é o verdadeiro "inventor" do free jazz.) No free jazz, a ênfase está na improvisação coletiva. Os músicos não estão presos a temas, nem a padrões de fraseado convencionais, nem à harmonia tonal (...).

(V.A. Bezerra)

 

F.J.: Um Sistema Complexo

Pode-se indicar a posteriori algumas características comuns da grande maioria dos músicos de free jazz, sempre que se aceite esta esquematização com certa prudência e que não se esqueça que todo solista de alguma importância possui suas próprias regras. O aspecto mais aparente é a indiferença à tonalidade e por um ritmo pré-estabelecido. Outra característica é a indiferença. que à vezes chega a ser rejeição pela técnica musical e instrumental européia. Ao mesmo tempo cresce enormemente com relação ao tipo anterior de jazz o interesse pelas culturas não européias (musicais e não), especialmente as africanas e árabes.

Este aspecto está ligado com outra característica comum dos músicos do free jazz, isto é, sua conexão cada vez mais próxima com o 'social' americano e a tomada de consciência de sua própria cultura. Este aspecto e análogo à base do hard bop, nascido na mesma época (meado dos cinquenta), isto é, período das primeiras rebeliões negras e da afirmação de Martin Luther King e de Elijan Muhammad. Para indicar alguns dos nomes reconhecidos do free jazz, citamos as influências 'cultas' de Taylor, músico de tipo acadêmico, trabalhando com um instrumento de tradição européia como o piano ('Sou tudo o que vivi. Não tenho medo das influências européias.

O importante é utilizá-las -como fez Ellington- na medida em que são parte de minha existência de Negro norte-americano'); a reação de Coleman com Charlie Parker e com a poética do bebop em geral; o papel inspirador de Sun Ra, o primeiro jazzista que ligou a música a um feito social, constituindo uma orquestra-comunidade capaz de autogestão econômica e de produzir seus próprios discos. Entre os precursores é preciso mencionar o trabalho de Lennie Tristano, com a diferença que seu trabalho limitava-se a pesquisas formais ligadas à experiência cool; Eric Dolphy, Bill Evans e principalmente Charles Mingus: porém estes se interessaram apenas por aspectos parciais.

O free jazz, no entanto, deve ser considerado como um sistema complexo, onde cada elemento só tem valor se relaciona com os demais. Há muitos jazzistas que surgiram nos anos sessenta que acusam influências do free jazz, mas de forma exterior e parcial, como Freddie Hubbard, Wayne Shorter, Joe Henderson, Tony Williams, Bobby Hutcherson e outros. A atividade musical dos anos sessenta paralela aos grandes acontecimentos de rebelião e de associação das populações afro-norte-americanas levou a uma grande parte da critica a associar o free jazz com a revolução negra, simplificando o vasto âmbito das opiniões e dos movimentos espirituais dos músicos.

Um contato entre os artistas negros e as opiniões revolucionárias daqueles anos sem nenhuma dúvida existiu mas foi uma realidade extremamente complexa, que foi representada pela música de maneira mediana e não conformista. Falar de free jazz unicamente como de música de revolução e de ódio significa não compreender o significado espiritual e universal da música de Coltrane, Ayler, Coleman. Cherry, Lacy, Roswell Rudd e muitos outros.

(Site Clube do Jazz)

 

2) A partir das Escolas "Eruditas"

 

Música Aleatória

 

Gênero musical em que o compositor cria as obras com sons juntados ao acaso e fornece ao intérprete apenas uma orientação básica. Nas partituras há, por exemplo, indicações de notas musicais ou blocos de notas, ruídos variados, efeitos de instrumentos, sons vocais e até regras para combinar programações de rádio. Essas marcações também podem ser vagas, como "tocar no ritmo do átomo ou do Universo". Para apontar todos esses elementos, as partituras empregam notações especiais. Em uma delas vê-se um canhão dando tiros para todos os lados. Em outra estão relacionadas algumas notas e desenhado um labirinto por onde o intérprete deve caminhar. O resultado, imprevisível, varia a cada execução. Embora possa ser gravada, em geral destina-se a apresentações ao vivo. A música aleatória, baseada na liberdade para improvisar, surge na década de 50 nos Estados Unidos (EUA) e na Europa como reação ao rigor do serialismo e à autoridade do compositor sobre o intérprete. Seu líder é o norte-americano John Cage (1912-1992), que defende a liberdade total de criação e de execução musical. Ao compor esse tipo de música, Cage baseia-se muitas vezes no oráculo chinês I Ching, em que moedas ou varetas jogadas ao acaso conduzem a hexagramas que contêm respostas para a questão formulada. A cada hexagrama Cage associa sons e silêncios. Ao compor, joga as moedas e chega aos "hexagramas sonoros", que, combinados, resultam na obra. Em Paisagem Imaginária , ele radicaliza e deixa para o intérprete o jogo que levará aos hexagramas.

(Enciclopédia Brasileira)

Um de seus maiores trabalhos é a composição eletrônica Roaratorio: An Irish Circus on Finnegans Wake (1979), inspirado na obra de Joyce em que Cage combina textos selecionados ao acaso do Wake com gravações da música irlandesa tradicional e sons diversos.

Envolveu-se com o Zen Budismo, que o inspirou a compor Music of Changes na qual as notas e sua duração eram determinadas pelo I Ching, em que o intérprete sorteava um hexagrama que determinava a combinação das cartelas, nas quais Cage associava sons e silêncios, formando a obra.

Em Estocolmo ele compôs Music Walk, que consiste em nove folhas com anotações e uma em branco, e um pequeno plástico com recortes retangulares que é colocado em qualquer posição.

Esse gênero musical é chamado de "música aleatória" que Cage levou ao extremo. Surgiu nos anos 50 como reação ao serialismo. A música aleatória consiste na liberdade de improvisação pelo intérprete, que obtém do compositor apenas a orientação básica sem forma pré-estabelecida. A performance é imprevisível, pois cabe ao intérprete escolher, entre os caminhos sonoros (...), o que mais lhe agrada.

(Site Biografia de Compositores da Música Clássica)

 

II - Ontologia

 

VIDE Action Sounding ou Cadavérica Elegia a Pollock

 

Das estilísticas, a mais relevante a se configurar é a Telúrica (Brasileira) e, simultaneamente, Cosmopolitista (Universal):

"Música Livre"

 

II.i - Introdução

(a partir de Retórica e o Discurso da Improvisação Livre/Cesar Marino Villavicencio Grossmann/Orientador: Dr Jonathan Impett/Escola de Música, Universidade de East Anglia, Norwich, Inglaterra/Projeto de Doutorado)

"O conceito de música improvisada (...) provém de uma nova linha de pensamento musical, produto do encontro entre o Free-Jazz e uma nova tendência similar a esta conhecida como “avant-gardismo” erudito. Este movimento é chamado de Free-Improvised Music, ou Improvisação Livre (IL), A IL possui um estilo musical livre isento de regras. Tem como objetivo poder oferecer um campo flexível e aberto para a expressão natural do intérprete. Conseqüentemente, o intérprete carrega não somente a responsabilidade de exteriorizar idéias através de sons mas também de criá-las e formalizá-las. Neste sentido, a improvisação adquire um pensamento formal similar ao da composição com a diferença de que a invenção e a comunicação são realizadas pelo mesmo sujeito de uma forma quase simultânea. (...)

A Improvisação Livre é uma prática que possui hoje um público próprio, está ligada à produção de mercado e é reconhecida e aceita por expertos mundialmente. Porém, ela apresenta o paradoxo de ser uma prática musical que não revela um estilo determinado. Não obstante, o fato da ausência de um estilo definido não representa a carência de propriedades.

Outra característica da IL é o uso da tecnologia que propõe o envolvimento de princípios teóricos próprios de nossa cultura telegráfica na projeção de eventos para o futuro e a captação de eventos do passado. Em outras palavras, na IL, a tecnologia oferece uma nova concepção de tempo e espaço. Um exemplo é o fato de poder armazenar e transformar eventos musicais durante a execução e poder decidir o momento de incorporá-los ao resultado sonoro."

 

II.ii - inventio/dispositio/decoratio/gradatio

Cadavre Exquis, quiçá tendo o  I n c o n s c i e n t e  - psychê objetiva, nascente e foz...de uma Livre Improvisação? ...da Música Livre? - como ribalta, é um Combo de variável formação referencial e numérica (podendo assumir feição - paradoxalmente - solo; ou de duo, trio, quarteto etc) arquitetado por Otacílio Melgaço que almeja  -  termo mais apropriado que 'globalizar' (sic) - miscigenar:

a)- a Phonontologia que acompanha seus Integrantes (todos oriundos da Terra Brasilis, ventre de alquímico Folk Lore...em fusão de vertentes indígenas/africanas/européias - certamente aqui, friso, distantes da estereotipia propagada tanto dentro quando fora das fronteiras do País) *

(tratar-se-ia aqui de decantado aldeiamento transinterplanetário?)

b)- a Pluralidade de Expressões Musicais de Intemporais Etnoculturas, como parabólico suplemento (partindo - perdão se tautológico é - da pauta: liberdade-mor; alguns exemplos já foram citados em Antologia, somados a eles, dentre imensuráveis veios: os do médio e extremo orientes etc).

* 'Arte nacional! Toda arte autêntica é nacional. As raízes do seu ser absorvem o calor do solo pátrio e dele recebem o seu vigor. Mas já o tronco ergue-se solitário, e a ramagem superior, a sua copa, é o reino de ninguém. E pode acontecer que a raiz insensível ignore quando os galhos se cobrem de flores. Fato é que cada um cresce em direção a si mesmo. Se alguém se encontrasse e reconhecesse, poderia, talvez, retornar ao convívio com os outros e ser o seu salvador. Haveriam de crucificá-lo ou queimá-lo na fogueira. E daquilo que dele restasse arquitetariam uma religião. Mas este homem não poderia ser um artista. Porque quando um criador descobre a si mesmo, ele permanece na sua solidão, e deseja morrer na sua pátria. Se houvesse deuses, nunca viríamos a sabê-lo; pois o fato de sabermos de sua existência é suficiente para destruí-los. Não podendo a arte ser nacional em seus momentos de apogeu, segue-se que todo artista, na verdade, nasce em terra estrangeira. Sua pátria não está em lugar algum, situando-se apenas em seu próprio íntimo. E as obras nas quais traduz a linguagem desta terra são as suas mais genuínas. Quero acreditar que esta seja uma das características mais marcantes do gênio artístico: o homem comum deixa a sua pátria e sedia-se em terras estrangeiras; ele envelhece, por assim dizer, seguindo caminhos incertos. O artista que tem sua origem em terras desconhecidas e sombrias' (Brasil?) 'que provém de inúmeros enigmas, torna-se cada vez mais lúcido, sereno e seguro em seu caminho. Todas as coisas tornam-se mais familiares, e para ele existe apenas um grande reencontrar, reconhecer e saudar.' (R.M.R.)

  

Autopsicografias Cadavrexquisianas

 

"Não há Verdadeira Criação sem Segredo." (A. Camus)

 

"A Máscara filtra Olhares." (O. Todd)

 

"Há mais de vinte anos, uma noite em que atravessava a Place d'Italie, Giacometti foi atropelado por um carro. Ferido, com a perna torcida, no desmaio lúcido em que mergulhou, sentiu primeiro uma espécie de alegria: 'Enfim, alguma coisa me aconteceu!' Conheço o radicalismo dele: esperava o pior; essa vida que ele amava a ponto de não almejar nenhuma outra fôra transformada, rompida talvez pela estúpida violência do acaso: 'Portanto', pensava ele, 'não era feito para esculpir, nem mesmo para viver; não era feito para nada.' O que o exaltava era a ordem ameaçadora das causas de súbito desmascarada e o fato de fixar sobre as luzes da cidade, sobre os homens, sobre seu próprio corpo estatelado na lama, o olhar petrificante de um cataclismo: para um escultor, o reino mineral nunca está longe.

 

Autobiofagia

 

Otacílio Melgaço é oriundo das Minas Gerais, Brasil. Um certo Sanzio morria de vontade de ver o papa; empenhara-se tanto que o levaram à praça pública um dia em que o Santo Padre por lá passava; o rapazinho empalidecia, arregalava os olhos; diziam-lhe enfim: 'Penso que você está contente, Raffaello?' Mas ele respondia, esgazeado: 'Que Santo Padre? Vi apenas cores!'

 

Otacílio Melgaço, antidogmático, duvida de tudo, salvo do fato de ser o eleito da dúvida; restabelece com uma mão o que destrói com a outra e toma a inquietação como a garantia de sua segurança: ele é um Artista. Para corrigir uma indiferença natural, fui colocado a meia distância entre a miséria e o sol. A miséria impediu-me de acreditar que tudo está bem sob o sol e na história; o sol me ensinou que a história não é tudo. Mudar a vida, sim, mas não o mundo do qual eu fazia minha divindade. Foi assim, decerto, que cheguei a esta carreira (des?)confortável em que estou, engajando-me com inocência numa corda-bamba (em que avanço). Em outras palavras, tornei-me um artista, se é verdade que não há arte sem recusa nem consentimento. Autordenamento: fazer baixar um grande silêncio fabuloso que transfigura tudo: o porvir.

 

Otacílio Melgaço 1- É 2- Um 3- Artista 4- Autodidata. Bastam tais 4 palavras como absoluto e irremediável compêndio do que dele deve seu público ter (incons)ciência. Personne n'est plus proche de l'immortalité que un cadavre... Num outro dia, o pequeno Miguel, que pretendia abraçar a carreira das armas, sentado ao pé de uma árvore, deleitava-se com um romance de cavalaria quando, de repente, um estrépito de ferragens punha-o em sobressalto: era um velho louco da vizinhança, um fidalgote arruinado que cabriolava sobre um rocinante e apontava sua lança enferrujada contra um moinho. No jantar, Miguel, o pequeno Cervantes, contava o incidente com trejeitos tão engraçados e bem-feitos que provocava um riso louco em todo mundo; porém mais tarde, só em seu quarto, jogava o romance no chão, pisava-o e soluçava longamente.

 

Otacílio Melgaço: "Comprazi-me em minha obscuridade, almejava prolongá-la, torná-la um mérito meu." Essas crianças - Raffaellos, Miguéis, talvez Melgaços... - viviam no erro: acreditavam agir e falar ao acaso, quando suas menores considerações tinham como escopo real anunciar o seu Destino.

O. - Nulla Dies Sine Linea - M.

 

Post Scriptum

 

"Se alguém se introduzisse em minha cabeça aberta a todos os ventos, encontraria uma rosa denominada rosarosarosamrosaerosaerosa."

O.M. é, sobretudo, devoto de São João (Guimarães Rosa).

 

Post Post Scriptum

 

" ' -O que o senhor acha que os críticos negligenciaram em sua obra?' ' - O que há de cego e instintivo em mim afirma: nada!' "

 

 

O.M. dedica sua 'intervenção psicográfica' às palavras de J.-P.S.

    

 

 

Ultimatum

 

supostamente melgaciano,

- menos afeito a Nietzsche que a Álvaro de Campos -

misteriosamente atribuído (não se sabe qual origem possui) à

propedêutica das veredas musicais

d' Cadavre Exquis:

 

 

"Louco, sim, louco, porque quis a grandeza..."

(Pessoa)

"A alegria é mais profunda que a dor, a alegria quer profunda, profunda eternidade."

(Nietzsche)

 

" (...) Mandado de despejo aos mandarins culturais da Europa! Fora!

(...) Fora! também, tu, Estados Unidos da América, síntese-bastardia da baixa-Europa, (...)

e fora! tu, Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral, que nem te queria descobrir!

Ponham-nos um pano por cima de tudo isso!

Fechem-nos isso à chave e deitem a chave fora! (...)

Abram todas as janelas!

Abram mais janelas do que todas as janelas que há no mundo! (...)

Minas Gerais tem sede que se crie, tem fome de Futuro! (...)

Minas Gerais quer a Grande Idéia que esteja por dentro dos Homens Fortes (...)

Quer a Vontade Nova (...)

Quer a Sensibilidade Nova (...)

Minas está farta de não existir ainda! Está farta de ser apenas o arrabalde de si-própria! (...)

O que aí está não pode durar (...)

Nós, das Raça dos Descobridores, desprezamos o que seja menos que descobrir um Novo Mundo!... (...)

Proclamamos a vinda de uma FonoGrafia Nova!

Proclamamos a sua Vinda em altos gritos!

Proclamamos a sua Obra em altos Gritos! (...)

E proclamamos: Primeiro:

O Super-homem Será, Não o Mais Forte, Mas o Mais Completo!

E proclamamos também: Segundo:

O Super-homem Será: Não o mais Duro, Mas o Mais Complexo!

E proclamamos também: Terceiro:

O Super-homem Será, Não o mais Harmônico, Mas o Mais Livre!

Proclamamos isto bem alto e bem no auge, na barra de um São Francisco, de costas para o Atlântico, braços erguidos, fitando o Holístico Ubiquo Sertão e saudando abstratamente o Infinito!

Ave! Rosa."

Brindemos (e com novo vinho decerto um cântaro novo), pois, à MúsicaLivre!

 

"Primeiro pinte uma gaiola com a porta aberta
Depois pinte
algo gracioso,
algo simples,
algo bonito
algo útil
para o pássaro.
Então encoste a tela a uma árvore
num jardim
num bosque
ou numa floresta.
Esconda-se atrás da árvore
sem falar
sem se mover...
Às vezes o pássaro aparece logo
mas ele pode demorar muitos anos
antes de se decidir.
Não desanime.
Espere.
Espere durante anos se necessário.
A rapidez ou a lentidão do pássaro
não influi no bom resultado do quadro.
Quando o pássaro aparecer
se ele aparecer
observe no mais profundo silêncio
até o pássaro entrar na gaiola.
E quando ele entrar
delicadamente feche a porta com o pincel.
Então
apague uma a uma todas as grades
tomando cuidado para não tocar
na plumagem do pássaro.
Em seguida pinte a árvore
escolhendo o mais bonito dos seus galhos
para o pássaro.
Pinte também a folhagem verde
e o frescor do vento
o dourado do sol
e a algazarra das criaturas na relva
sob o calor do verão.
E então espere até que o pássaro decida cantar.
Se o pássaro não cantar
é um mau sinal,
um sinal de que a pintura está ruim.
Mas se ele cantar é um bom sinal,
um sinal de que você pode assinar.
Então, com muita delicadeza,
você arranca uma das penas do pássaro
e escreve o seu nome num canto do quadro."

(Jacques Prévert)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mais informações sobre Otacílio Melgaço: aqui.

CadavreXquis Ensemble 
Sítio concebido e construído por O.M. dedicado é a Erik Satie - Glenn Gould - Keith Jarrett - Paul Bley - Cecil Taylor
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