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B i o b r e v i á r i o

 

 

‘Deh peregrini che pensoni andate,

forse di cosa che non v’è presente,

venite voi da sì lontana gente,

com’a la vista voi ne dimostrate...’ 

Luís Gonzaga Melgaço nasceu em Dores do IndaIÁ, estado de Minas Gerais, Brasil - a 04 de Junho de

1903. Inúmeras vezes denominado pela crítica da época como “inspiradíssimo compositor”, fôra considerado um “novo Schubert”. De 1914 a 1922 cursou o Instituto Dom Bosco, de Itajubá (MG), onde estudou solfejo, teoria e clarineta com Francisco Nisticó. Voltando à sua cidade natal, aprimorou-se em orquestração com o germânico maestro Willy Kune. Contratado em 1927 para ocupar a cadeira de teoria e solfejo no Conservatório Mineiro

de Música (Belo Horizonte, MG), fez cursos de teoria musical com Francisco Nunes. Na década de 30, tem gravada sua primeira composição, o hino “Vai, Soldado”, com texto do poeta Augusto de Lima Jr., alusivo à revolução de 30. De 41 a 43 atuou como regente das orquestras de câmara das rádios belorizontinas Guarani e Mineira. Deste 52 tornou-se professor catedrático de teoria e solfejo no Conservatório Federal de MG e, a partir de 53, passou a ensinar as mesmas matérias na Universidade Mineira de Arte. De

66 a 72, compôs a música da ópera “Catuíra dos Araxás” em um ato e três quadros, com libreto em tupi de Edmundo Dantes Passos. Por mais de 30 anos se dedicou

à pesquisa do canto dos pássaros, tendo transposto para a pauta cerca de trezentos das mais variadas aves. Aos 80 anos, o ilustre regente e compositor,

em 11/08/1983, faleceu na cidade de Belo

Horizonte, capital de Minas Gerais.

[selecionadas]

Obras

 

Música Dramática (Catuíra dos Araxás – Ópera, 1966 a 1972; A Mascote da Rainha – Opereta, 1941; O Gigante Egoísta – Opereta, 1939), Música Vocal (Bárbara Heliodora – Poema Lírico/Canto e Piano, 1937; Canção do Berço – Canto e Piano, 1943; Vai Soldado – Hino/Canto e Piano, 1930; Hino à Brasília – Canto e Orquestra, 1957; Veleiros ao Mar – Três Vozes, 1948; Festa de Negros – Quatro Vozes e Solo Soprano, 1968). Somam-se às citadas: Canções Estivais (Piano e Orquestra), In Spring (Noturno para Harpa), Après l’Orage (Orquestra de Cordas),

+ vários Estudos Corais.  

   A d e n d o

 

“Catuíra dos Araxás”, o marco operístico de melgaço

 

Alguns trechos de reportagem assinada, em 1996,

por Wilson Simão em consideração a nosso

homenageado e à remontagem de sua Tour de Force.

 

 

‘Né tuxauareté ypy, rancuãi ibá.’ 

“Em estréia mundial há 30 anos, no auditório Oswaldo Chateaubriand, a ópera ‘Catuíra dos Araxás’ de Luís Melgaço com libreto de Edmundo Dantes Passos, foi transmitida ao vivo pela Rádio Guarani. A comemoração homenageia um trabalho especial: era cantada em Tupi-Guarani, primitivo e principal idioma de nossos indígenas. A comovente história de uma bela índia (como na lenda de Iracema dos Tabajaras, da consagrada obra de José de Alencar) em meio à extinção da tribo dos Araxás sob o comando do capitão-do-mato Ignácio Corrêa Pamplona, restando apenas o morubixaba Catuíra, sua filha e o noivo Maú, constitui o enredo desta história verdadeira, transformada em ópera autenticamente mineira. Passados 30 anos, José Afrânio Moreira Duarte, membro das Academias Munipalista e Mineira de Letras, solicita em petição a remontagem da ópera, comemorando não apenas o aniversário de estréia mundial, mas também os 300 anos da extinção da tribo dos Araxás. A ópera será encenada em Belo Horizonte ainda neste ano,

um acontecimento de grande expressão

no mundo da música em Minas e no Brasil.

‘Catuíra dos Araxás’ teve sua estréia no programa ‘Recital de Gala’ - que na época tive a honra de produzir para a Rádio Guarani e ficou cinco anos em cartaz, com produção semanal, incentivada pelo diretor José Vaz. Como intérpretes figuraram a soprano Zélia Spadano, a meio-soprano Hilda Lourenço e o barítono Wilson Simão, com participação do Coral da Escola de Música da UFMG, sob regência de Helena Barreto. Os principais trechos são a Alvorada (Prece do Amanhecer); Catuíra dos Araxás (‘Doce Bondade do Mel’); Canto dos Araxás (Ritual de Casamento) e Canto de Guerra – extraídos do livro ‘Catuíra dos Araxás’ de Edmundo Dantes Passos. Este evento foi considerado como a melhor criação musical do ano em 1966, destacando-se Luís Melgaço, como autor da obra universal, tendo sido a primeira vez que se fez um trabalho musical de grande alcance adaptado ao idioma tupi. A TV Itacolomi participou também da importante promoção. O autor Luís Melgaço é citado em várias enciclopédias e livros de história da música como um inspirado compositor que legou ao mundo obras importantes. Incontáveis são os seus ex-alunos, entre eles Sebastião Vianna, Carlos Alberto Pinto Fonseca, João Cavalcante. Nascido em Dores do Indaiá, ali adquiriu prática de orquestração e instrumentalização com o maestro alemão Willy Kunee, e aos 24 anos de idade veio reger a cadeira de Teoria e Solfejo do Conservatório Mineiro (atual Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais) na capital. O seu aproveitamento constante, febril, com o saudoso maestro Francisco Nunes, garantiu-lhe a efetivação na referida cadeira. Trabalhou também

na Universidade Mineira de Arte.”

 

Agradecimentos a UFMG (Conservatorial Escola de Música), Wilson Simão (sua consideração prestimosa

por nosso homenageado), waldemar de almeida barbosa [seu retrato de uma dores do indaiá do passado mas eternizada em/por personagens ilustres como messer melgaço] e, Itaú Cultural/BH devem ser prestados. Lamentavelmente, o ‘desmemorialismo cultural’

(que ainda assola parte relevante do status

quo tupiniquim) é um obstáculo atroz para o

ADEQUADO levantamento E REGISTRO da Obra de

l.g.m.

‘...e la vita, e tutto ’l suo valore,

mosse de li occhi di quella pietosa

che si turbava de’ nostri martiri.’ 

Luís Gonzaga Melgaço
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Foto: Arquivo Particular da Família Caetano Guimarães (D. Branca e Filhos)
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