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Por Otacílio Melgaço

 

P r ó l o g o > Um Tríplice Dual

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I – "A Dança pode revelar tudo o que há de misteriosamente velado na Música, e tem o mérito adicional de ser humana e palpável. A Dança é poesia com braços e pernas." (Charles Baudelaire)

 

II – "A Música é o único incorpóreo umbral para o mundo mais elevado do conhecimento que abrange toda a Humanidade mas que a Humanidade não pode compreender." (Ludwig van Beethoven)

 

2

 

I – No Zen Budismo, um Koan é uma narrativa, diálogo, questão ou afirmação que contém, enigmaticamente,

aspectos inacessíveis à razão. Dessa forma, tem, como

objetivo, propiciar o Satori através da interrupção de

um fluxo contínuo de pensamentos. Em outras palavras, nos incita, cinetizando-se em instigantes espanto e perplexidade

(o que para muitos é incognoscível), a catapultar a consciência à Iluminação.

II – Há sempre respostas aos Koans, mesmo que e certamente não dotadas de logicidade. Aparentam ser absurdas pois sobretudo intuitivas. Distantes de condicionamentos e limitações, rompem com a tendência de nos mumificarmos sob

a forma de paradigmas, rótulos. O tão - em Ocidente - propagado atingir a iluminação pode se dar por veredas quase pueris: contemplando-se uma paisagem, observando-se

um cão a beber água ou acompanhando-se o cair de uma folha seca. Antitético ao fantástico, obscuro - o Koan nos direciona à cristalina singeleza e quintessencial desadorno da vida, ao mundo real, visceral diante de nossos olhos e que de tão óbvio: nos passaria despercebido. Nada estaria velado.

O véu não nublaria as coisas em si e sim nossas mentes.

Mentes sob o eufemismo de véus.

 

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Iluminação (ou esclarecimento) significa de modo geral

a aquisição de uma nova sabedoria ou entendimento capacitando uma percepção mais límpida sobre algo. Entretanto, a palavra em Português cobre conotações bastante distintas: religiosa ou espiritual (como no Alemão: Erleuchtung) e secular ou intelectual (Aufklärung).

Eis cabível causa de cativante conturbação, desde que aqueles que clamam por Iluminação intelectual freqüentemente rejeitam conceitos espirituais e vice-versa. Insustentável demasia de/do Ser (Humano)...

 

I – Em sua face secular, se refere principalmente ao Iluminismo. O iluminismo, também tido como ´Século das Luzes´ e ´Ilustração´ foi um movimento cultural da elite pensadora europeia do século XVIII que procurou mobilizar o poder da razão, a fim de reformar a sociedade e o conhecimento herdado da tradição medieval. Abarcou inúmeras tendências e, entre elas, buscava-se um decodificar apurado da natureza,

com o objetivo de torná-la útil ao homem

moderno e progressista.

Immanuel Kant assim a Iluminação descreveu:´É um homem liberto da auto-incorrida tutela. Tutela é a incapacidade

de usar o seu próprio entendimento sem ser guiado por outro. Tal tutela é auto-atraída se a causa não é carente

de inteligência, mas antes uma carência de determinação e coragem por usar a inteligência sem ser guiado por outro.´

 

II – No âmbito religioso, uma intima associação com experiências gnósticas do sul e leste da Ásia, traduzindo-se no Budismo, Bodhi ou Satori; no Hinduísmo, Moksha. Paralelos há nas crenças abraâmicas (em Kabbalah judaico;

num Cristianismo mais abissal; e no Sufismo, tradição mística e contemplativa do Islão). Exemplo imagética e globalmente apreendido é o de Buda, formatado em estátuas sobre uma Flor de Lótus (Nelumbo Nucifera), remetendo justamente a

essa percepção da transcendência do mundo comum - representado pela lama, pelo lodo -; em suma, iluminado.

 

C o r p o D e B a i l e > Da Koan Cia de Dança

 

Quando dei tal nome à Cia, num batismo de sangue, procurara por uma terceira margem da Música e da Dança indiscerníveis.

A transcendência das imobilizantes margens duais tão demasiadamente humanas em rumo a abarcar uma terceira. Não menos humana, não menos humanista todavia demasiadamente transcendente.  Em Fenomenologia, o ´Transcendente´ é aquilo que extrapola a nossa própria consciência – aquilo que lhe é objetivo, mais do que apenas, portanto, fenômeno. Ou, à la Hegel, para se debruçar por sobre a Fronteira e estar desperto que (ela) é a Fronteira e de tal forma o que jaz além (dela) – isso já se fez transcendido.

A Koan Cia de Dança então é dada à luz – já em si transcendida, haja vista que a terceira margem é a consagração de tud

oo que se desfronteiriza, elevando os rizomas da Criação (Artística) a uma fricção confluente ao extremo,

som e(m) fúria!

Todo Koan é ipsis litteris um salto!

Capturar tal instante, o do s-a-l-t-o: um movimento de exuberância estatuetária em pleno ar, a derrota da gravidade – ainda que por átimos, os suficientes -; o Corpo musicalizado: transmutado em pura ritmicidade, santificado em prismáticas coloraturas para ser sodomizado por melodias paradoxais, gomorrizado por harmonias quase apocalípticas em

um paroxismo cinético-sinfônico que refuta véus! Ou,

a suprema simplicidade - e não menos transcendente - domesmo Corpo contemplado como a paisagem, observado feito

o cão a beber a água ou atentamente acompanhado em

seu pós-gravítico cair tal qual a folha seca.

Um cair para o mais-alto!

Palpável e humanamente, o até então estaticamente velado: desvelar e revelar. Poetizando cabeça-tronco-e-membros

a trespassar compreensões, elevando-os a um estado incorpóreo. Abrangente, destutelado; luz-em-movimento.

Luz audível!

E p í l o g o > Tu te moves de Ti

 

"Batendo as duas mãos uma na outra, temos um som; qual é

o som de uma mão somente?"(Koan atribuído a Ekaku,

1686-1769)

“Dancem-no!” (Melgaciana resposta, 2015)

Otacílio Melgaço

é Compositor, Arranjador, Multi-instrumentista, Vocalista (além de Dramaturgo, Roteirista, Fotógrafo, Cineasta bissexto,´Cordiógrapho´- como se autodefine -, Webdesigner etc ) oriundo do Estado de Minas Gerais, Brasil. >> Vide BIO & OBRAS: AQUI. Da Koan,

é criador, diretor geral, planificador artístico,

´cordiógrapho´e trilheiro sonoro.

Letícia Oliveira,

também mineira,

é professora de dança,

pesquisadora e, em koan,

coreógrafa e bailarina convidada para o espetáculo "Free Fall" do qual foi co-criadora.

Visite o site O|M/DANCE

        “Eu sou o corpo, por inteiro corpo

e nada mais.

O corpo tem sua linguagem própria, que foge às regras

dos argumentos, da evidência, das provas dos métodos, cujos procedimentos são puramente racionais. Há mais razão no

teu corpo do que na tua melhor sabedoria.” (Friedrich Nietzsche)

“Existe aos montes no Brasil gente que faz 58 piruetas, ou 32 fuetés, mas faltam aqueles que dançam, que ouvem a música, que colocam intenções nos gestos, que têm um tempo e uma emoção internos. O corpo humano permite uma variedade infinita de movimentos, que brotam de impulsos interiores e exteriorizam-se pelo gesto, compondo uma relação íntima com o ritmo, o espaço, o desenho das emoções,

dos sentimentos e das intenções.” (Klauss

Vianna)

 Movimento

O movimento próprio da vida proporcionou um encontro entre mim e Melgaço, que em uma relação natural de aproximação foi despertando afinadades, desde as propostas artísticas como também no pensamento sobre a Música,

a Dança e suas relações.

Em cada de nossos encontros virtuais e presenciais

um turbilhão de movimentos guiava meu corpo. A busca é

por

uma Dança que se relaciona com o mundo a sua volta,

uma dança que seja a vida e não somente uma técnica ou

uma inconsciência.

Busca por espaços para que o corpo se manifeste, dance.

Um desejo de caminhar pela ténue linha do ‘entre’ -

Entre Música,

Entre Dança,

Entre Vida,

Koan.

 Tempo

Interno

Externo

do corpo,

da produção,

da música,

do possível,

oposto ao tempo do desejo e necessidade.

 Fluência

Diante tamanha afinidade entre nós, é do movimento

das provocações e questionamentos que avançamos.

Como uma via de cruzamento urbano seguimos em encontros, desencontros, mudança de direção, pausa e movimento.

Por vezes deslizamos, pressionamos, pontuamos, sacudimos, torcemos...

 Espaço

Entre.

 Peso

Koan se responsabiliza por um novo caminho,

Pela leveza da transcendência.

 

Seria melhor Dançar Koan

do que escrever sobre Koan.

"Batendo as duas mãos uma na outra, temos um som; qual é o som de uma mão somente?" (Koan atribuído a Ekaku,

1686-1769)

“O somente som de uma mão.” (Oliveiriana resposta, 2015)

(fontes: Abertos Nichos internéticos)

 

Por letícia Oliveira

 

 

 

Sítio Eletrônico oficial da>K O A N<Cia de Dança

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