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Baal des Quat'z'arts] in Colóquios& n t r e -Vistas{E

 

"Convidado especial do 4'Arts, Pietrus Oiticica - também historiador - inaugura uma série particular de diálogos impertinentes com o multiartista e diretor musical da banda,

 Otacílio Melgaço:

 

"Omar  Khadji (?) e Otacílio Melgaço são o que poderíamos chamar de Colaços. Aqui, fragmento de intercâmbio perpetrado por ambos, dias após o primeiro espetáculo do Baal des Quat’z’arts em terra brasilis. Orbitando em torno do universo de Bill Flanagan e de um ready-made (re)citativo; da capital dos Gerais, municiados de absinto, insulamento e menções várias (inclusive em epistemológico Inglês) - descontraidamente debatem, dentre outros sonorosos estilos, o rock e sua contemporaneidade através (jogo proposto por Melgaço) de algumas de suas personagens basilares, old school.

 

(...)

 

OK - Sobre sua relação com a banda Baal des Quat’z’arts. Você acredita piamente numa expansão do vocabulário do rock? Pretende ser um Kurt Weill do rock’n’roll? Existe a teoria, bem radical (etimologicamente falando) segundo a qual todo bom rock pega a gente da cintura para baixo. Diz que se enxertar nele mais alguma coisa, o seu rock começa a gaguejar e a ficar menos rock, menos dançável, menos tudo: acaba perdendo a graça. Existe essa opinião. Para Lou Reed, quem faz a coisa direito, pode ter tudo o que já tinha antes, mais esses outros níveis – se quiser. Pode ter um roteiro e, além disso, misturar uma série de coisas para quem estiver disposto a ouvir. Quem estiver preparado, que ouça!

 

OM - Uma vez Joni Mitchell deu carona a uma menina e ela lhe disse: ‘Eu costumava escrever poesia.’ Joni: ‘Como assim, costumava?’ E a caroneira responde: ‘Eu era gaga. Quando deixei de ser gaga, parei de escrever poesia.’

 

OK - Acho que sua picardia vem muito a calhar. Falo sobre o que pode ser tomado como arte e o que não. Keith Richards se referia à palavra ‘arte’ como muito manipulada. Não acredita que o compositor de rock’n’roll deva se preocupar com arte. Para ele, rock não passa de um ofício. No que lhe diz respeito, ‘Art’ é só a abreviação de ‘Arthur’. Ainda citando Lou Reed, ele afirma que teria gostado de transformar o rock em algo maior do que ele jamais foi – algo capaz de incorporar a arte, de ter relevância para os ‘adultos’. Algo que acompanhasse o nosso crescimento...

 

OM - Embarcando nessa nau parafrástica, como Van Morrison - sinto que a palavra rock perdeu todo e qualquer significado, o que é profundamente auspicioso. Acho que seria preciso encontrar outra melhor ou nem isso. Criar categorias dentro dessa palavra, criar subcategorias, subpalavras: não me parece a mais adequada das soluções (se é que devemos procurar por uma). Porque a coisa chegou ao ponto de as pessoas considerarem rock muitas dessas correntes atuais, que não têm nada de rock. Tinham de inventar uma palavra nova, ou melhor, desinventar todas elas... Em suma, retomando sua pergunta, Ave! David Bowie quando diz com todas as letras: 'Rock is a fine Art!' Melhor epítome não haveria...

 

OK - E sobre o 'pop'? Sobre o fenômeno que leva o rótulo 'pop'?

 

OM - Há meu entranhamento pela música contemporânea, de cunho dito neo-eruditista, que carece de certa iniciação por parte do auscultador... Afora isso, que meus enveredamentos pela estética cosmopoplitista do Baal e até, em caráter solo, pela música poplural brasileira - ganhem, como eu desejo, a fina estampa de orgiasticamente tragáveis! Por mais que isso se dê, seria hilário se um dia me considerasse realmente ‘pop’ – ou, como bem definiu Stephen Stills e de modo praticamente profético de tão procedente: ‘pap’ (mingau). I feel nothing for their game, where beauty goes unrecognized. Yoko Ono conta sobre a luta de Lennon para adequar seu pensamento a uma forma pop. Como isso se tornou um fator inibidor para ele, nos seus últimos anos de vida. Não que ele tivesse algum bloqueio criativo mas chegou um momento em que a cabeça de John estava bem mais aberta do que as letras que ele escrevia. Não creio que tenha sido um bloqueio. Foi uma decisão consciente, como ‘vamos ver o que acontece se eu parar de produzir aos borbotões.’  De certa forma, eles achavam que, parando, seria possível avançar para coisas mais sérias. John não queria ficar cantando She Loves You depois dos trinta.

 

OK - Ao contrário de Jagger que, apesar de ter dito algo muito parecido sobre Satisfaction, a canta até hoje e provavelmente até aos 120 anos!

 

OM - Mas John sempre teve esse lado. ‘O que é que eu estou fazendo?’ E como era muito honesto com o seu labor, não conseguia ir para a mesa de trabalho e se perguntar ‘O que é mais comercial?’, compondo a partir disso. Era quase como se fosse seu diário. Refletia o seu estado de espírito. Mas ele era tão honesto que a certa altura disse: ‘Olha, não vou ficar escrevendo essas coisas de adolescentes.’ Alguém já disse, em algum livro que na juventude o nosso pensamento se processa através de poesia, e que, à medida que vamos envelhecendo passamos a pensar mais em prosa. Eu acho que a cabeça de John já estava mais para prosa do que para a poesia. Ele não queria reduzir as suas idéias a ‘du-da-da-da’ e a rimas à la ‘lua’ e ‘rua’. Isso seria simplificar demais o seu pensamento. Seu pensamento era bem mais complexo. Yoko vivia dizendo a ele: ‘Pois bem, se o problema é esse, por que é que você não escreve um livro? Você está mais do que preparado.’ Mas Lennon ainda não estava disposto a fazer essa ruptura.

 

OK - The movement you need is on your shoulders... É bom nos lembrarmos de McCartney quando declarou que não se incomodava nem um pouco de ser a aspirina de sua geração.

 

OM - Tentando resolver a dor de cabeça do marido, Ono disse algo como: ‘Ora, então escreva dessa forma mais complexa, sem rima nem nada... e se isso não se encaixa na batida, a gente muda a batida e explora algum caminho novo. Temos cacife para isso. Talvez só 5 mil pessoas comprem, em vez de 100 mil. Foi assim que a música clássica se desenvolveu. Primeiro teve Schumann e Brahms, depois vieram Schoenberg, Berg, Webern... Talvez esse seja o processo natural de John Lennon. Talvez, se a gente musica esse tipo de letra, acabe descobrindo que a própria melodia se tornou mais complexa.’ E ele respondia: ‘Mas aí a batida do rock terá se perdido.’ John não estava disposto a fazer essa transição. 

 

OK - Houve aquela fase pós-The Police em que Sting flertou abertamente com vários músicos de jazz e fusion. Passou por preconceitos por parte tanto de roqueiros quanto de jazzistas. Assim como, dentre tantos outros, Joni Mitchell em Mingus..

 

OM - Charles, à beira da morte, é que a convida para colaborar naquele álbum (um tipo de réquiem) e muitas pessoas, débeis, achando que Joni só estava se aproveitando dele.

 

Muito fácil ficar lá dentro. Where the blind don’t see, the lame don’t walk and what’s dead stays that way… OK - Acontece que a indústria pop estimula os artistas (ou os que assim se consideram) a ficar para sempre infantis, a não crescer, a viver como eternos enfants terribles. Terribles, no pior sentido, aliás. Keith Richards acreditava que os Stones tinham a obrigação de tentar a transição - ao modo deles, claro. Ele achava que os Stones ocupavam uma posição única, que é a de poder fazer crescer essa coisa nascida dos Fab Four e da Stonemania, uma coisa voltada para a garotada. Era isso o que  interessava Keith. Tentar fazer o negócio amadurecer, ser exatamente o que eram a cada instante, parar de brincar de Peter Pan, assumir a idade adulta, agir como adultos sem deixar de arrepiar. O rock’n’roll acompanhou todo o seu crescimento, e agora Richards queria descobrir se ele, o rock, seria capaz de crescer com o próprio Keith. Algo como deixar o sonho viver dentro de você, em vez de você viver dentro de um sonho. E encarar as conseqüências do sonho que vira realidade. Desejar não viver dentro de um sonho, que ele não passa de um quarto vazio. Não há ninguém mais ali. Logo, é preciso encontrar um jeito de sair dele. Porque passa a ser a única maneira de se ter algum valor para quem quer se seja, inclusive para si mesmo. Manter a vitalidade, a própria vida. Quando você se fecha nesse quarto (são pensamentos de Springsteen) as coisas que têm importância e relevância para os seus amigos, no mundo real – e para as pessoas que ouvem a sua música – acabam sufocando e morrendo. E você também. Mas é tudo muito difícil, pois esse quarto é sempre muito confortável e dá uma ilusão de segurança. Na verdade, é um lugar muito perigoso. Com muito pouca segurança. Não há nenhuma segurança real, nenhuma vida. Não há nada, simplesmente. Então você tem que criar alguma outra coisa. Todo mundo enfrenta essa escolha, entre ficar no quarto dos sonhos ou construir uma coisa real.

 

They say Eve tempted Adam with an apple… Man ain’t going for that… OM -

 

OK - Você invocou o nome de Morrison - no início. Há paralelos entre o seu amor por Blake, Yeats etc e o de Van? O irlandês já fez adaptações como em Crazy Jane de W.B.

 

OM - Indubitavelmente e, além do mais, a meu ver, nada mais

 

h-i-p-s-t-e-r !

 

OK - Em Miracle Man do My Aim Is True de Elvis Costello, podemos encontrar um tipo de manifesto contra, segundo ele, os dois tipos falidos do rock'n'roll. Algo como 'Olhe bem para o tamanho de meu p...' e 'Vou me f..., sou muito sensível'. Você nota em suas músicas algum germe que também aponte para uma ruptura do que é considerado esse gênero e do que deveria passar a ser nos dias de hoje?

 

OM - Não saberia lhe dizer. Diga-me você!  Por sinal, não foi o próprio MacManus que escreveu: 'I'll build a bonfire of my dreams and burn a broken effigy of me and you'? É, no mínimo, um ponto de partida inspirada e catarticamente bem-vindo!

 

OK - Inspiração. Inspiração seria o mesmo que dizer ´algo que cai do céu e penetra em você´. Mas as idéias das canções e a motivação para compor nascem de uma coisa interior... O que você escreve se origina daquilo que você vê e faz. Não vem do espaço sideral... Muitos compositores gostam de mistificar o seu trabalho e o ato de compor, em parte por não o compreenderem direito e, em parte, porque assim fica parecendo uma espécie de humildade: 'Não sou eu. Se faço isso, é por uma questão de sorte, só isso.' Mas por trás de tudo existe muita coisa humana. Em outras palavras: quando você vai fundo, você descobre que pode mesmo fazer alguma coisa. Questões colocadas por Pete Townshend. Quem discorda disso é Keith que acha que as canções simplesmente batem na porta da gente, é só ouvir o toque e dar a elas a chance de existir. E isso é uma forma muito nobre de ver a coisa, ele diz. Bem melhor do que ficar dizendo: 'Olha só, eu fiz tudo sozinho, com meus próprios recursos.' Seu trabalho com o 4’Arts, como são feitas as composições especialmente para a banda?

 

OM - Talvez à la Tom Waits. Quando você compõe, a vida se torna um aquário. Algumas coisas flutuam, outras não. Algumas coisas respiram, outras se afogam. Algumas parecem melhores, outras piores. É nesse momento que eu sei que estou compondo: quando a sala se enche de água.

 

OK - E, no final, da água para o vinho! Baco! Existe esse legendário tríptico Sexo/Drogas/Rock'n'roll povoando a mitologia do gênero. Neil Young uma vez divulgou seu 'prato de mel'. Marijuana e mel fritos, servidos em louça. Afirmou, num depoimento, que essa combinação deixava sua voz mais grave; se precisasse de uma voz mais grave numa ou noutra canção... Como é sua relação com as drogas e a sexualidade no contexto musical?  

 

Sexo? Gosto da letra de René and Georgette Magritte with their Dog after the War de Paul Simon. 'The easy stream of music flowing through the air. René and Georgette Magritte with their dog après la guerre. Side by side they fell asleep decades gliding by like Indians, time is cheap. When they wake up they will find all their personal belonging have interwined!' Drogas? Nula relação. E desanulando Nietzsche: 'Ninguém ou nada pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar, para atravessar o rio da vida – ninguém, exceto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias...' Perdão pela verborragia antiquada, meu caro Omar, mas...para além do bem e do mal, quem combate monstruosidades deve cuidar para que não se torne um monstro. E se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olhará para dentro de você. É necessário, sim, ter o caos cá dentro, naturalmente endógeno, para parir uma estrela!OM - Decupando o que resta da tríade...

 

OK - Em Assim Falou Zaratustra, Nietzsche escreve: 'O poeta é o mais vaidoso dos vaidosos, vangloria-se até diante do mais feio dos búfalos. Procurei entre eles um homem honesto, mas só consegui descobrir medalhões vetustos. O poeta torna turvas as águas para lhes dar uma aparência de profundidade.' No fim, o discípulo pergunta: 'Mas Zaratustra, você não é poeta?' E há a resposta: 'Se não fosse, como saberia?' Depois: 'Vislumbro, contudo, uma nova raça. São os penitentes do espírito. Escrevem com o seu próprio sangue.' É você bem descrito no que acabo de dizer: aquele que cria com o próprio sangue. É difícil transitar pela contemporaneidade assim?

 

OM - Pelo contrário: há uma gota de sangue em cada poema - mesmo em todos esses pós-ismos... Hei de replicar sob a hibridez de um l-u-n-d-u:

 

Eu sou um escritor difícil / Que a muita gente enquizila, / Porém essa culpa é fácil / De se acabar duma vez: / É só tirar a cortina / Que entra luz nesta escurez.

 

OK - À luz do jazz. Herbie Hancock se referiu a Mick Jagger como um artista que se comunica como um músico de jazz. Que dá o clima com seus gestos e expressões faciais. O que pensa disso? Já comentaram, focando a carreira sui generis de Melgaço, que sua performance no palco (se referiram a minha em Baal desse modo também) poderia ser considerada ‘jazzística’?

 

OM - Sim, já. Curiosamente Sonny Rollins trabalhou com os RollinS-tones em Tatto You. Charlie Watts, explícito apreciador do gênero, tinha dito: ‘Ele nunca vai topar tocar num dos nossos discos.’ Mick: ‘Vai, vai topar, sim.’ E topou.  Já nas sessões de gravação, Mick pergunta a Sonny: ‘Você quer que eu fique aqui no estúdio?’ E ele responde: ‘É, você me diz onde é que eu entro e dança a música pra mim.’ Muito feliz foi Sonny aqui! Em outro contexto, mais intestinal, não é à toa que Bob Dylan viu Coltrane tocar. Viu Monk, Miles, Horace. Algo que poucos sabem, chegou a gravar com Cherry e Higgins. Era a época do circuito de cafés do Village. Folk, Jazz, Poetry: tudo basicamente uma coisa só. E Dylan (‘se é que eu posso me considerar um cantor’ diz Bob) incorpora ao canto  o sentido de fraseado e de movimento dos jazzistas. .. E la nave va. Aproveito para lhe contar um quase segredo: intento implementar concepção minha que beba em fontes da Eutonia - quando me jazziliquidifico. Interpenetrar, digamos, uma Cartografonia conscienciosa e ultrabrowniana Improvisatividade. Louros a Gerda Alexander.

 

OK - Do tônus das mensagens que pululam em suas canções. Perguntaram uma vez a Dylan por que o consideram um pacifista depois de Masters of War ou Neighborhood Bully. Rowland ratifica que Bob sempre se preocupou mais com a justiça do que com a política. E você?

 

OM - Diante da definição de que pacifismo é: ‘se alguém bate em você, você lhe oferece a outra face’, Bob Dylan provavelmente retrucaria: ‘Mas isso não é pacifismo. Virar a outra face é um gesto agressivo, na verdade. Implica uma estratégia pela qual, se alguém o empurra, você acompanha o impulso do empurrão, fazendo com que a força do agressor se vire contra ele.’ Há o caso de Pasolini e seu Vangelo secondo Matteo. Pier Paolo acreditava que quando Cristo ensinou a dar a outra face, isso era uma coisa tão escandalosa, tão anticonformista, que o crucificaram. Bom, provavelmente ele tinha razão porque todos sabemos da bestialidade que aconteceu ao multiartista italiano naquela fatídica esplanada do Idroscalo de Ostia... De qualquer modo, numa crítica ao The Clash - com que não concordo, sinto-me alinhado a um David Byrne. Se você tem idéias politicamente radicais ou socialmente avançadas (lembre-se de que sou um anarquista e ateu apesar de toda minha nostalgia do mítico, do épico, do monumental, do sagrado), isso deve se refletir no seu trabalho musical... Que a arte tem que ser tão avançada quanto o discurso, ou, como prefiro, que o discurso (não sei bem se é essa a palavra mas) tem de ser tão avançado quanto a Arte. No final das contas, incensando seu e m-eu Weill, seguimos petrificando ou contrabalançando (rocking?) die sieben Todsünden! 

 

 

Em acolaçados jograis, surgiu, entre ambos,

o roçar de um tema (o NeoBarroco)que viria a ser

f-o-c-o

da sui generis ciberentrevista que se segue:

 

>>Meltingpotlatching<<

(a Paul Dirac)

 

PO > Confesso que sempre que percorro os sítios melgacianos em internet e me deparo com todos aqueles labirintos, passagens secretas, jogos de espelhos, enfim, toda aquela dispersão e caoticidade próprios, somados aos usos peculiares e engenhosos da linguagem, além da multiplicidade de referências que ressoam como que de uma “câmara de ecos”; tudo isso me remete a uma cosmovisão barroca. Deleuze escreveu em algum lugar que o barroco produz dobras infinitamente e é justamente a sensação que tenho ao acessar qualquer dos seus empreendimentos internéticos. Pois bem, caro Melgaço, para abrir nosso colóquio, gostaria de saber primeiro qual a sua percepção acerca do barroco? Concorda com a associação que sugiro entre os traços típicos do mesmo e as suas intervenções na Rede? E, afinal, qual é na verdade a sua relação com o barroco? Alguma influência telúrica talvez?

M-E-L-G-A-Ç-O > BARROCO TEM QUATRO PARES DE OLHOS... O BARROCO NOS ENVENENA COM
PERICULOSIDADE POUCA PORÉM A DOR É INTENSA, CUPULAR. DOMO, DOMAR;
ABOBADAR (SU)A (IN)TENSÃO...
SEREI ENCICLOPÉDICO: O BARROCO É ESCOLOPENDRA. POR ISSO A
TELURICIDADE, POR ISSO MINHAS VÍSCERAS ARTÍSTICAS LHES SÃO UM ESPELHO.
MINASGERALISTAS, EM ESPECIAL, ESPECULO.
RELAÇÃO: ZOOFI-L-Í-A-D-A: EPOPAICA MIRÍADE-DE-MIRÍADES- MIRIAPUDICAS;
PEÇONHA DE CUR(R)A INTENSA; TRIPUDIANÇA DO TRÓPICO TRISTE; UMIDADE
APODRESCENTE, PUTRIFICADORA DA PERCEPÇÃO DO QUE SEJA 'LAR'!
VINTE UM A VINTE E TRÊS PARES DE REPARIMENTOS EM MIM, RESSARCIMENTANDO
O DESTEMPO.

 

PO > Aliás, é claro que se ampliarmos nosso foco, o próprio mundo virtual de um modo geral – com seus hipertextos e hiperlinks proliferantes – se assemelha a um microcosmos barroco, pois é todo ele caótico, labiríntico e dispersivo. Entretanto, você parece em seus sítios virtuais propositadamente querer amplificar, intensificar a sensação de desnorteio. É verdade que você pretende de certa forma aturdir o pobre internauta que visita seus sítios? Embora suspeite que tudo faça parte de um plano bem arquitetado, não seria um contrassenso utilizar essa maquinaria barroca nos dias de hoje? Não é querer exigir demais desse internauta tão acostumado ao superficial, ao imediato, ao descartável?
 

M-E-L-G-A-Ç-O > DECREPITUDE DA ARTE: AMPLIFICAI-NOS! O BARROCO COMO ANTIARTE! O NEOBARROCO CONTRASENDO CONTRACENSURALISTARDIAMENTE... OU MANIFESTO GROC. ANTIARTÍSTICO. SER ANTIARTÍSTICO CONSISTE EM CRIAR UMA ARTE 'DE ACORDO COM SUA ÉPOCA' E PORTANTO, LANÇAR AO MAR TODA A REFERÊNCIA CULTURAL QUE POSSA ENFERRUJAR O MECANISMO DO NOVO PENSAMENTO. SER ANTIARTÍSTICO É DENUNCIAR 'A FALTA ABSOLUTA DE JUVENTUDE ENTRE OS JOVENS - A FALTA ABSOLUTA DE DECISÃO E DE AUDÁCIA - O MEDO DOS FATOS NOVOS, DAS PALAVRAS, DO RISCO RIDÍCULO - A ARQUITETURA DO ESTILO - OS PINTORES DE ÁRVORES RETORCIDAS'... E É ACEITAR, INDISCRIMINADAMENTE, SEM COMPLICAÇÃO E COM ENTUSIASMO, O SALÃO DO AUTOMÓVEL E O DA AERONÁUTICA, AS EXPOSIÇÕES DE ARTE MODERNA, O JOGOS DE PRAIA, A LITERATURA CONTEMPORÂNEA. A LISTA NÃO É EXAUSTIVA. NÃO MAIS CONTRACENSURALISTA: UMA-LISTA-OUTRA-LISTA,  E SIM: UM CERCO! AJA-ME DALI: ÀS DUAS VIDAS...E À TERCEIRA QUE ESTÁ APENAS COMEÇANDO AQUI E AGORA.

 

PO > A definição do que seja o Barroco é um tanto problemática. Este é um termo que carrega uma série de ambiguidades. Porém, se efetuarmos uma genealogia semântica do Barroco, vamos perceber que por muito tempo vigorou um sentido pejorativo do termo, não obstante o mesmo ser continuamente reivindicado hoje em dia. Omar Calabrese, por exemplo, propõe substituir o desgastado termo “pós-moderno” pelo “neobarroco” que, segundo ele seria o mais adequado para nomear os fenômenos culturais contemporâneos. Para Calabrese o período atual se caracterizaria pela preferência à instabilidade em vez de um sistema ordenado. Assim eu pergunto: seria, esse um modo de compreender a performance melgaciana em internet?

M-E-L-G-A-Ç-O > QUIÇÁ? HOUVE CERTO CATALÃO, EM UM DE SEUS NATIMORTOS PROJETOS DE FILME, 'A CARROCINHA DE CARNE', QUE NÃO SE ESQUECERA DE UMA CENA MUSICAL EM QUE NIETZSCHE, FREUD, LUÍS II DA BAVIERA E KARL MARX CANTARIAM COM UM VIRTUOSISMO INIGUALÁVEL SUAS DOUTRINAS, RESPONDENDO-SE ALTERNADAMENTE, ACOMPANHADOS POR UMA PEÇA DE BIZET. ESTA CENA SE DESENVOLVERIA À BEIRA DO LAGO DE VILABERTRAN, NO CENTRO DO QUAL, TREMENDO DE FRIO, COM ÁGUA ATÉ A CINTURA, UMA MULHER MUITO VELHA VESTIDA COMO UM VERDADEIRO TOUREIRO, ESTARIA PENTEADA COM UMA OMELETE AUX FINES HERBES EM EQUILÍBRIO SOBRE SUA CABEÇA RASPADA. CADA VEZ QUE A OMELETE ESCORREGASSE E CAÍSSE NA ÁGUA, UM PORTUGUÊS A SUBSTITUIRIA POR UMA NOVA.' E NÃO É UMA PIADA DE PORTUGUÊS, POSSO LHE ASSEGURAR. EIS UM MODO DE COMPREENDER A PERFORMANCE MELGACIANA. NONADA DE 'JUSTIFICAR'. PREFIRO 'JUSTIÇAR'.


PO > Neste sentido seria Otacílio Melgaço e seus sítios eletrônicos, portanto, expressões neobarrocas?

M-E-L-G-A-Ç-O > REE
NGOLFÁ-LAS-IA SIM: INCLUSIVE TODO SEU CONTRADITÓRIO... ANÁTEMA LIVRE.

RESPONDEREI FABULARMENTE! DALI NADA ENTENDIA DE MÚSICA E NÃO QUERIA ENTENDÊ-LA. CHEGAVA A DESPREZÁ-LA, QUANDO NÃO A COMBATIA. PERGUNTAM-LHE: 'HÁ RELAÇÕES ENTRE DALI E A MÚSICA?', RESPONDE BREVEMENTE: 'ABSOLUTAMENTE. A MÚSICA ME INTERESSA MUITO, MUITO POUCO. O QUE ME INTERESSA, SÃO OS BITS DE INFORMAÇÃO DO PENSAMENTO CONCRETO DO HOMEM E, COM A MÚSICA, VOCÊ NUNCA PODERÁ DIZER: SEJA GENTIL, VÁ BUSCAR O CHAPÉU QUE ESQUECI SOBRE A CADERIA DA COZINHA. ORA, SE NÃO SE PODE DIZER ISTO, NÃO SE PODE DIZER NADA. COM A MÚSICA, PODE-SE EXPRESSAR APENAS O QUE É NEBULOSO E DISTANTE DOS SENTIDOS - OU SEJA, ESTADOS DE ALMA.'

 

PO > Enfim, você compartilha da visão de Calabrese de que vivemos na Era Neobarroca?

 

M-E-L-G-A-Ç-O > MAL SABIA DALI QUE O ACORDE FINAL DE SUA CRÍTICA (NEM TÃO PARANÓICA COMO SE ESPERARIA) NOS DÁ O AR DA GRAÇA SUPREMA DA MÚSICA POR SOBRE OUTRAS ARTES (A COMEÇAR: A PINTURA!, GÊNERO ATRAVÉS DO QUAL SALVADOR SE NOTORIARIA APESAR DE SER, COMO ESCRITOR, INFINITAMENTE MAIS DIGNO DE NOSSA ATENÇÃO).

PARA DALI, A MÚSICA É O MOLE QUE PERMANECE MOLE. OPÕE-LHE PORTANTO NATURALMENTE (?) A ARQUITETURA, OU MELHOR, SUA PRÓPRIA VISÃO DA ARQUITETURA, OU SEJA, A METAMORFOSE DO MOLE EM DURO, MAS ONDE A DUREZA DOS MATERIAIS DEVE LEVAR EM CONTA E ATÉ ENALTECER A MOLEZA DAS FORMAS: 'SOU POR UMA ARQUITETURA BIOLÓGICA, POR UMA ARQUITETURA MOLE E NÃO DURA.'E MAIS:

EM SUA VIDA SECRETA, DECLARA-SE CONTRA A MÚSICA, PELA ARQUITETURA. NÃO É INGÊNUO (CERTAMENTE NÃO É INGÊNIO!), E NEM REALMENTE PARADOXAL QUE SE APAIXONE POR GAUDI, JUSTAMENTE O MAIS MUSICAL DOS ARQUITETOS, AQUELE QUE MAIS BEM EXPRESSOU, MAS 'COMO DURO', ESTADOS DE ALMA.

ESTADOS.

ESTADOS DE.

ESTADOS DE ALMA.

COM GAUDI, A METAMORFOSE ACONTECEU.

BASTA DERRETERMOS NOSSOS GLÓBULOS OCULARES EM AFIADA VISÃO ARTÍSTICA E RELIGIOSA DE GAUDI POR FRANCESC PUJOLS PARA QUE UM LE CORBUSIER SE TORNE CORBU QUE SE TORNA CORVO SOBRE SUA MÁQUINA DE MORAR - NA QUAL O 'DURO' É APENAS 'DURO'.

COM LE CORBUSIER, A METAMORFOSE NÃO ACONTECE.

O NOME 'GAUDI' SIGNIFICA, EM CATALÃO, 'GOZAR'. 'DALI', DO MESMO MODO, QUER DIZER 'DESEJO'. E ASSIM, DE SARGAÇO EM SARGAÇO - (P)ASARGAÇADOS (A QUEIMAR NAVIOS), APORTAMOS EM

D-E-S-I-D-E-R-I-U-M.

DALI DIRÁ QUE TODAS AS MANHÃS AO DESPERTAR EXPERIMENTA UM PRAZER SUPREMO QUE HOJE REVELAVA PELA PRIMEIRA VEZ: O DE SER SALVADOR DALI; E PERGUNTAVA-SE, MARAVILHADO, O QUE AINDA IRIA DIZER DE PRODIGIOSO HOJE ESTE/AQUELE SALVADOR DALI. AJAME NOS LANÇA OS DADOS: 'QUEM IMAGINARIA A FADIGA DE DAR AO MUNDO O SEU PRODÍGIO COTIDIANO! E COMO FAZER A TRIAGEM NESSE AMONTOADO DE VIDRILHOS ONDE BRILHAM ÀS VEZES ALGUNS DIAMANTES? COMO DISTINGUIR A FARSA (E COMETE ALGUMAS RELACIONADAS COM QUAT'ZARTS - AQUI COM ÚNICO APÓSTOFRO) DA PERFORMANCE, SENÃO DEPOIS - OU SEJA, FREQUENTEMENTE TARDE DEMAIS?'.MAS, ANTES QUE ME ESQUEÇA,

NÃO ESTAMOS AQUI PARA EXCITAR OS HAPPY-FEW.

SIBILE COMIGO: GE CROARAI QUE CET LE SOLEILL QUI HAVAI DEVENU FOU... (ACREDITARIA QUE FOI O SOL QUE SE TORNOU LOUCO).

CULMINO TAL PARÊNTESE SALVADORENHO COM A CARTA (PARIDA NO DIA SEGUINTE À ENTREVISTA CONCEDIDA E) QUE FREUD ESCREVEU ÀQUELE QUE O CONVENCERA A RECEBER DALI, STEFAN ZWEIG. 'CARO SENHOR, É PRECISO REALMENTE QUE EU LHE AGRADEÇA PELA PALAVRA DE RECOMENDAÇÃO QUE ME TROUXE OS VISITANTES ONTEM (ALÉM DOS CITADOS, PRESENTE ESTAVA EDWARD JAMES). POIS ME PARECE QUE ATÉ AGORA SENTIA-ME TENTADO A CONSIDERAR OS SURREALISTAS, QUE APARENTEMENTE ME ESCOLHERAM COMO SANTO PADROEIRO, COMO LOUCOS INTEGRAIS (DIGAMOS NOVENTA E CINCO POR CENTO, COMO PARA O ÁLCOOL ABSOLUTO). O JOVEM ESPANHOL, COM SEUS CÂNDIDOS OLHOS DE FANÁTICO E SEU INEGÁVEL DOMÍNIO TÉCNICO, INCITOU-ME A RECONSIDERAR MINHA OPINIÃO.'

NÃO SEI SE SIGMUND REALMENTE O FEZ ENTRETANTOÉ O QUE CONSTANTE E HOLISTICAMENTE PROPONHO A VOCÊ, A TODOS E TAMPOUCO A MIM.


IMPIEDOSA CONDENSAÇÃO DE UMA MÚSICA QUE PROCURA ESCAPAR CONSTANTEMENTE. O SEMBLANTE DAQUELE A QUEM UM DEUS FECHOU O OUVIDO, PARA QUE NÃO HOUVESSE OUTROS SONS ALÉM DOS SEUS; PARA QUE NÃO FOSSE ENGANADO PELA EFÊMERA PERTURBAÇÃO DOS RUÍDOS. ELE, QUE CONTINHA SUA DURAÇÃO E CLARIDADE; PARA QUE SOMENTE OS SENTIDOS INCAPAZES DE APREENDEREM O SOM LHE TRANSMITISSEM O MUNDO, SEM RUÍDOS, UM MUNDO EM SUSPENSO, EXPECTANTE, INACABADO, ANTERIOR À CRIAÇÃO DO SOM. CONSUMADOR DO MUNDO: COMO SE ISSO QUE CAI COMO CHUVA SOBRE A TERRA E SE DEPOSITA NEGLIGENTE SOBRE AS ÁGUAS, TOMBANDO AO ACASO, SE ERGUESSE NOVAMENTE DE TUDO, INVISÍVEL, OBEDECENDO ALEGREMENTE A UMA LEI, E SUBISSE E PAIRASSE E FORMASSE OS CÉUS: ASSIM ERGUEU-SE DE TI A ASCENSÃO DAS NOSSAS QUEDAS, E ENVOLVEU COM MÚSICA O MUNDO. A TUA MÚSICA: QUE ELA TENHA PODIDO ENVOLVER O MUNDO; E NÃO A NÓS. QUE TE HOUVESSEM CONSTRUÍDO UM ÓRGÃO EM TEBAIDA; E UM ANJO TE CONDUZISSE PARA DIANTE DESSE INSTRUMENTO SOLITÁRIO, ATRAVÉS DAS FILEIRAS DE MONTANHAS DO DESERTO, ONDE DESCANSAM REIS, CORTESÃS E ANACORETAS. E ELE TERIA BRUSCAMENTE ALÇADO VÔO E FUGIDO COM MEDO DE QUE COMEÇASSES A TOCAR. E TERÍAS JORRADO, Ó TORRENCIAL, SEM SER OUVIDO, RESTITUINDO AO UNIVERSO O QUE SÓ ELE PODE SUPORTAR. OS BEDUÍNOS PASSARIAM DISPARANDO AO LONGE, CHEIOS DE TEMEROSA SUPERSTIÇÃO, MAS OS NEGOCIANTES TERIAM-SE LANÇADO NA ORLA DA TUA MÚSICA, COMO SE FOSSES A TEMPESTADE. SOMENTE ALGUNS LEÕES SOLITÁRIOS HAVERIAM DE RONDAR À NOITE, DE LONGE, EM TORNO DE TI, ASSUSTADOS COM ELES MESMOS, AMEAÇADOS PELO AGITADO SANGUE. POIS QUEM TE RETIRARÁ AGORA DOS OUVIDOS SENSUAIS? QUEM EXPULSARÁ DAS SALAS DE MÚSICA OS VENAIS CUJO OUVIDO ESTÉRIL SE PROSTITUI MAS JAMAIS CONCEBE? O SÊMEN ESGUICHA, COLOCAM-SE DEBAIXO COMO PROSTITUTAS, BRINCAM COM ELE, OU, ENQUANTO JAZEM POR ALI COM SEUS PRAZERES INACABADOS, CAI ENTRE ELES TODOS, COMO O SÊMEN DE ONÃ. MAS, SENHOR, SE UM HOMEM CASTO DE ORELHAS VIRGENS SE DEITASSE COM TUA MÚSICA: MORRERIA DE FELICIDADE OU CONCEBERIA O INFINITO, E SEUCÉREBRO FECUNDADO EXPLODIRIA DE PURO PARTO.

 

TUDO O QUE SE CONFIGURA COMO 'INTENÇÃO' ME SOA DIGNO DE UMA ABORDAGEM
CONTINGENCIAL.
AO LER CALABRESE, RESSALTO, SIMPÁTICO, QUE HÁ ALGUNS ANAGRAMAS PARA
'PÍCARO': aprico  ·  cipoar  ·  pórcia  ·  copiar  ·  piroca. O
NEOBARROCO E SUAS RUÍNAS...: OU A DERROCADA EUFEMÍSTICA PÓS-MODERNISTA
OU UM DECADENTISMO-EM-EVOÉ... CITANDO E MELGACIANDO MALLARMÉ: 'PRESQUE
UN ART' OU/ET 'RIEN'. 

 

PO > Prefiro falar em devires barrocos a falar em neobarroco. Mas, seja como for, gosto da forma como Deleuze aborda a questão. Ele vai dizer que o Barroco “remete não a uma essência, mas, sobretudo a uma função operatória, a um traço e este traço é a dobra que vai ao infinito... e se se pode estender o Barroco para fora de limites históricos precisos é sempre em virtude desse critério: a dobra e não qualquer dobra, mas a que vai ao infinito”... Acho uma noção genial, porque ao mesmo tempo em que permite um rompimento do espaço ou do tempo, obriga também a uma determinação necessária...

 

Há muito se fala do Barroco como a “arte dos conquistadores”. Contudo, o Barroco trazido da Europa no período da colonização, aqui ganhou contornos muito particulares, a ponto de Lezama Lima inverter a lógica e considerá-lo uma “arte da contraconquista” (a resistência do nativo ao que julga ser o éthos colonizador e a apropriação desse éthos. Deste modo o nativo preservaria traços da sua identidade primária). Nesse sentido, o Barroco que se desenvolveu por essas bandas pode ser considerado a primeira manifestação artística legitimamente latino-americana e é encarado como parte da nossa formação cultural, ou seja, como parte fundamental da nossa identidade, por mais múltipla, heterogênea, contraditória que esta seja e certamente por isso mesmo. Então, considerando que as culturas periféricas têm em geral seu desenvolvimento cultural, estético amplamente influenciado pelas produções de países culturalmente hegemônicos, para você, como um artista latino-americano deveria lidar em nossos dias com todas essas questões?

M-E-L-G-A-Ç-O > REENTRANHÁ-LAS A UMA PERSPECTIVA ABORTIVA (OUTRA FACE, OBSCURA E
TELEOLÓGICA FACE NATIVISTA?). UM PÓS-COITO DERRISÓRIO, DEIFICADORA DO
DIABO, NA RUA, PELO REDEMOINHO AFORA (À FORRA?)...A BAILAR E BAILAR...SEM UM LAR
PÓS-LATINO OU AMERICANINDIANIZANTE.
O ARTISTA CONTEMPORÂNEO DEVE, À SOMBRA DA DÚVIDA, ENTERRAR A COLÔNIA
DAS ESCOLOPENDRAS NO ÂNUS-NÃO-MAIS-SOLAR DAQUELA/DESSA ZOOROPA NAUSEABUNDA.

EIS UMA PROPEDÊUTICA POSSÍVEL.

 

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