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THE COFFEE SHOP

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"Paris. Uma festa que me parecia extraordinária era o baile organizado todos os anos pelos 19 ateliês de belas-artes. Amigos pintores me haviam falado disso como a mais bela orgia do mundo, única no gênero, e eu decidi participar. chamava-se Bal des Quat’z’arts. Chega o dia do baile... Durante o banquete, vejo um dos estudantes levantar-se, pousar delicadamente seus testículos num prato e dar assim a volta no recinto. Mais tarde, durante a noite, chegamos à entrada do Salão... Um cordão de policiais esforça-se por controlar a multidão de curiosos. Uma mulher inteiramente nua chega montada nos ombros de um estudante vestido de assírio. A cabeça de seu transportador serve-lhe de tapa-sexo. Ela penetra assim no salão, em meio aos gritos da multidão. A porta de entrada do Salão...é vigiada pelos estudantes mais corpulentos do ateliê. Aproximamo-nos e apresentamos nossas soberbas entradas. Expulsam-nos, convenientemente: nossas entradas não tinham validade. Como a mulher se recusou a entrar sozinha, desenharam com piche uma cruz nas costas de seu casaco. Foi assim que não participei da mais bela orgia do mundo. Os professores, todos convidados, permaneciam até meia-noite, depois se retiravam. O forte da orgia, dizia-se, começava então. Por volta de 4 ou 5 horas da manhã, os que haviam conseguido manter-se incólumes, extremamente bêbados, iam jogar-se nas fontes da Concorde. " A partir de tal depoimento de Luis Buñuel - que se tornou um paraninfo para nós -, fui eu devastado pelo insight como que por um torvelinho: engendrei o nome da banda inaugurando o jogo-de-palavras que unia uma deidade controversa (acrescentando uma outra e mesma vogal a Bal) e o vértice mundano do então mitológico Baile parisiense. Assim, em meio a sangue-e-sêmen, Baal des Quat'z'arts foi dado à luz.

(O t a c í l i o   M e l g a ç o)

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